Na recente edição (Ed.7 – Ano XX) da revista internacionalmente conhecida como referência do mercado financeiro “Bloomberg Markets”, duas matérias antagônicas ocuparam a mesma edição. De um lado, se comenta o sufoco pelo qual a economia norte-americana se encontra. Com falta de dinheiro, o governo conseguiu a duras penas aumentar o valor máximo para emissão de novos títulos, podendo assim captar novos recursos para serem utilizados para o rescaldo da situação na qual a maior economia se encontra. O período “quasi-calote” por parte do governo fez com que os mercados se comportassem de modo a se ter cautela com o futuro incerto que se abre. Enquanto o debate entre redução de custos x aumento de impostos se impõe no cenário político, um possível aumento do limite da dívida ainda sim demonstraria os períodos de dúvida que a economia passa. No cenário europeu, o recente pacote de austeridade implantado serve apenas de panos quentes na situação que se impõe no bloco econômico, com os receios de uma nova crise econômica na Itália.
A mesma revista que demonstra toda sua preocupação e opiniões ora confiantes, ora desacreditadas de uma recuperação ao longo prazo, enaltece executivos de empresas de países emergentes e utiliza 8 páginas para descrever o modo pelo qual os clubes de investimento crescem diariamente atraindo as atenções do mundo inteiro. Esse “momento brasileiro” que tomou conta do cenário econômico. A intensa migração de estrangeiros bem capacitados para ocupar vagas em setores com falta de mão de obra criou um novo período em universidades pelo mundo. Aulas e estudos sobre o Brasil, bem como aulas de português, até então relegadas a poucos alunos vêm cada vez mais o interesse pelas cadeiras dentro desses estudos.
Consonante à volatilidade do mercado, o Brasil cresce. Em dias em que uma única empresa teve o mesmo valor de mercado que um conjunto de bancos europeus, tivemos um aumento na confiança que a indústria deposita em nossa economia. Isso não nos deveria impressionar. Nosso país vem passando por um extenso período de reformas que pudessem nos trazer uma estabilidade no período pós-inflação que passamos no final dos anos 80. Seria um caminho natural que, com o tempo, tais processos levassem a uma economia mais austera, e que atraísse cada vez mais atenção para si própria.
Mas a economia por si só não foi o principal vetor disso. O próprio mercado financeiro modernizou-se. As grandes empresas buscaram cada vez mais serem transparentes e aplicarem os princípios de governança corporativa, adquirindo o nível de “Novo Mercado”. Com isso, acabam ficando cada vez mais confiáveis para que o mercado de capitais aqui se torne atrativo e, como dito anteriormente, faça com que os clubes de investimento aqui se tornem cada vez mais atraentes. É o “momento brasileiro”.
Não quero chegar a nenhuma conclusão específica com essas breves linhas. Quero apenas demonstrar que, se de um lado o mundo financeiro se demonstra cada vez mais volátil, sensível a qualquer movimentação ou acontecimento das grandes potências, o Brasil vai se distanciando dessa “ressaca” que acomete os países que até então se demonstravam bem sólidos, e que tinham suas dívidas soberanas com as mais confiáveis para o mercado financeiro, a exemplo dos títulos do tesouro americano (US T’Bills), que são usados como referência no mercado global. Os lados da moeda se inverteram, e resta a nós saber utilizar essa nossa fase.
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