tag:blogger.com,1999:blog-6244058162966272162024-02-19T23:16:09.207-03:00O DiplomáticoBlog de discussões sobre política nacional e internacionalO Diplomáticohttp://www.blogger.com/profile/08355359319007501248noreply@blogger.comBlogger50125tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-16030405199342155142011-12-01T01:30:00.003-02:002011-12-01T01:34:08.035-02:00Quem paga a conta?<p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Na última quarta-feira (23), a petição do Movimento Gota D’Água contra a Usina Hidrelétrica de Belo Monte atingiu 1 milhão de assinaturas via internet. O movimento, liderado pelo ator <span style="background:yellow;mso-highlight: yellow">Sérgio Marone</span> e pela jornalista Maria Paula Fernandes, diz ter surgido “da necessidade de transformar indignação em ação, mostrar o bem como um bom negócio e discutir as grandes causas que impactam o nosso país”, e divulgou recentemente um vídeo em que artistas da Rede Globo questionam a construção da UHE.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">“De que adianta construir a terceira maior hidrelétrica do mundo se ela só vai produzir de fato um terço da sua capacidade?”, diz o vídeo em que os atores se revezam nas exclamações e indagações que vão desde “ela vai custar quase 30 bilhões”, “e quem é que vai pagar?”, “você!” – neste caso, quem está assistindo -, “quase 80% desse dinheiro é de imposto”, “onde os índios vão morar?”. “Faz as contas. Realiza!”.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">As reações ao vídeo foram das mais diversas. O secretário-executivo do ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, conseguiu encontrar algo de positivo na campanha, mas disse que as pessoas deveriam “se informar” mais a respeito da usina. “O projeto da usina foi feito de forma bastante clara, até porque vivemos num regime democrático”, afirmou lembrando que Belo Monte é a hidrelétrica mais discutida do Brasil. O que problema é quando surgem textos “levianos” e “mentirosos”. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Esse é o caso deste vídeo. É louvável o ímpeto que move os artistas a utilizarem seus rostos conhecidos para defender “causas” (assim mesmo, no geral), como diz o Quem Somos do projeto. Mas banalizar debates importantes e passar informações erradas através da linguagem publicitária para manipular as pessoas é especialidade norte-americana. Pega mal no Brasil. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Mesmo se fosse para “fazer o bem”, como o vídeo produzido por Leonardo DiCaprio, estimulando os jovens norte-americanos a irem votar, plagiado por Marone e Fernandes no Gota D’Água. Os dois copiaram a estrutura e a concepção da campanha de DiCaprio. Até a mocinha tirando o sutiã enquanto espera “você assinar a petição”, tem no vídeo norte-americano. A diferença é que a artista do norte não tira a blusa toda como Maitê Proença faz no Gota D’Água. E a campanha de DiCaprio não é anti-nacional, como a dos globais.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Aos fatos<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Para começar, a UHE Belo Monte é realmente a terceira maior hidrelétrica do mundo. Mas em capacidade de geração, não em extensão ou área alagada, como sugere o vídeo. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a usina de maior potência no mundo é a de Três Gargantas, na China, com 18.200 MW; a segunda é Itaipu, com 14 mil MW; e a terceira será a de Belo Monte, com 11.233 MW. Mas Belo Monte é umas das menores na relação área alagada/capacidade instalada. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é inclusive uma das menores do Brasil: “A relação área-capacidade do projeto de Belo Monte é de 0,05 km2/MW, inferior à de outras usinas no Brasil, tais como Serra da Mesa (1,40), Tucuruí (0,29) e Itaipu (1,0). A média nacional é de 0,49 km2/MW instalado” (Projeto da Usina Hidrelétrica de Belo Monte: Fatos e Dados, EPE, fevereiro-2011).<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">A área alagada será na verdade 516 km2, e não 640 km2, como diz Eriberto Leão no vídeo, que é dirigido por Marcos Prado, produtor de Tropa de Elite.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">E, por falar em área, nesse quesito o filme utiliza um recurso de edição (para ser bondosa) que insinua a completa destruição do Parque Nacional do Xingu. Em determinado momento, Ingrid Guimarães (que é realmente engraçada) afirma, muito preocupada com as comunidades indígenas que vivem no Pará, que “abaixo da barragem o rio [onde será construída a Usina] banha o Parque Nacional do Xingu”. Em seguida, surge a declaração bem enfática de Eriberto Leão (daquelas pausadas, teatral): “A Usina de Belo Monte vai alagar, inundar, destruir <st1:metricconverter productid="640 quilômetros" st="on">640 quilômetros</st1:metricconverter> quadrados de floresta amazônica”.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Bom, o Parque Nacional do Xingú fica no Mato Grosso e, mesmo que a área da Usina fosse do tamanho que Leão afirmou que seria – e não é -, não chegaria ao Parque Nacional, que fica a <st1:metricconverter productid="989 km" st="on">989 km</st1:metricconverter> de distância, na nascente do rio. Isso mesmo, quase mil quilômetros ANTES da barragem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">E as tribos da região, não serão expulsas, como insinua Claudia Ohana quando diz que “os índios não vão ter onde morar”. Como bem lembrou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, na segunda-feira (22), no balanço do Programa de Aceleração do Crescimento 2, em Brasília: “não há nenhum índio ou pessoa da comunidade indígena sendo retirada de suas terras. Não será alagado o Parque Nacional do Xingu”.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Nenhuma das 10 terras indígenas localizadas na área de influência do projeto será alagada. Ainda assim, foram ouvidas, ao contrário do que diz Dira Paes no vídeo. Entre 2007 e 2010, foram realizadas 12 reuniões públicas, 10 oficinas com as comunidades, 15 fóruns técnicos, 30 reuniões em aldeias indígenas, 61 reuniões com as comunidades, e quatro audiências públicas, como informa a EPE.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Capacidade Instalada<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Outra questão abordada no vídeo de forma bastante superficial é o potencial firme da usina. “De que adianta construir a terceira maior hidrelétrica do mundo se ela só vai produzir de fato um terço da sua capacidade?”, diz o próprio Marone na peça. Em verdade, a geração média de energia da usina é de cerca de 40% da sua capacidade total, o que é, segundo a EPE, “comparável à geração média das hidrelétricas europeias”, e não tem nenhuma sendo desativada. Belo Monte vai produzir 4,5 mil MW/médios durante o ano. Mas, o mais importante é que, estando com 70% de sua energia ligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), irá trabalhar em capacidade plena (11 mil MW) no período de seca no Sudeste, quando atualmente recorre-se a fontes termelétricas, mais caras para o consumidor.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">O vídeo sustenta ainda que a Hidrelétrica vai custar R$ 30 bilhões (“Quase 80% desse dinheiro é de imposto”, diz) , mas o custo total da obra, avaliado pela EPE para empreender a licitação é de R$ 19 bilhões. Sendo que 80% financiado (emprestado) pelo BNDES, com recursos principalmente do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), não de impostos. O que é o uso para o qual foi idealizado o Banco: desenvolvimento. E, ainda, qualquer aumento no custo é de responsabilidade dos empreendedores, no caso, o Consórcio Norte Energia, que está construindo a Usina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Na outra ponta, a do bolso do consumidor, a energia de Belo Monte será uma energia barata. Quando pronta, a energia fornecida pela Usina será vendida a R$ 77,97 o MW/h, um valor muito menor do que qualquer uma das alternativas oferecidas pelos artistas globais. A energia eólica é vendida ao SIN por R$ 148,00 o MW/h, e a solar a R$ 500,00. Aliás, vale ainda uma outra comparação com a energia eólica que, apesar de ser importante para a diversificação e segurança do sistema energético brasileiro, também ocupa uma grande área de instalação. Pelos cálculos do blog O Escriba, “para ter o mesmo potencial energético de Belo Monte, seria necessário instalar mais de 6 mil aerogeradores, de 3MW cada, ocupando uma área de 470 km2 - ou quase o tamanho do lago de Belo Monte”.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span lang="PT-BR">Se a intenção era fazer o bem, se é que era, é melhor perguntar o que pensam os 19 mil ribeirinhos que moram em palafitas em Altamira e em outras áreas de influência da Usina que, segundo o plano aprovado pelo Ibama, serão realocados em bairros urbanizados, com saneamento e luz elétrica, escola e posto de saúde. Talvez devessem os atores pensar mais em cobrar a aplicação deste plano do que em abolí-lo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal">Já sobre a cena em que a Maité tira a blusa no comercial, deve ser só para chamar atenção dos globais mais novos. Quem assistiu Dona Beija viu aquilo e muito mais. Nem no vídeo do DiCaprio a moça que tira o sutiã chegou a tanto…</p><p class="MsoNormal">Agora, quem é que vai pagar a conta de luz na estratosfera, ou pior, a falta de luz?</p>Mariana Mourahttp://www.blogger.com/profile/13501957815626263312noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-23521967437953070122011-08-26T22:46:00.009-03:002011-08-29T00:10:28.566-03:00“Esta terra ainda vai cumprir seu ideal”<i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
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<i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Nota dos Editores 1: Agradecemos ao Professor Beluce Belucci por nos autorizar a reproduzir o texto.</span></i><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><i>Nota dos Editores 2: A íntegra da matéria da </i>Folha de S. Paulo<i> citada no artigo está disponibilizada na nossa página de clipping: http://odiplomatico.blogspot.com/p/clipping.html.</i></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><i><br />
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<div align="right" class="NormalIndent" style="font-style: italic; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Por Beluce Bellucci*<o:p></o:p></span></div><div align="right" class="NormalIndent" style="font-style: italic; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><span style="font-size: 12pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">16/08/2011</span><o:p></o:p></span></div><div align="right" class="NormalIndent" style="font-style: italic; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.elesbaonews.com/images/stories/dezembro2010/2/brasil-mocambique.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://www.elesbaonews.com/images/stories/dezembro2010/2/brasil-mocambique.jpeg" /></a></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
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A manchete do primeiro caderno da Folha de São Paulo de 14/08/2011 “Moçambique oferece ao Brasil área de 3 Sergipes”, para o plantio de soja, algodão e milho a agricultores brasileiros com experiência no cerrado, parece trazer uma grande novidade e oportunidade aos capitais e empreendedores brasílicos. A longa matéria no caderno de economia expõe que estas terras estão localizadas nas províncias de Nampula, Niassa, Cabo Delgado e Zambézia, situadas ao norte daquele país. No mesmo artigo, um consultor indaga, arrogante e desrespeitosamente, “Quem vai tomar conta da África? Chinês, europeu ou americano? O brasileiro que tem conhecimento do cerrado”, responde ele apressadamente. A intenção explicita de colonização nesta passagem não foi contestada pelo jornal ao longo do artigo.<br />
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Pela matéria, fazendeiros brasileiros afoitos descobrem que em Moçambique existe “um Mato Grosso” inteiro para ser produzido, e 40 deles (não haverá um Ali?) se “apressam” a no próximo mês visitarem o país. O ministro da agricultura moçambicano revela que as terras poderão ser cedidas por 50 anos, renováveis por mais 50, ao preço módico de R$27,00 por hectare/ano.<br />
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Cabe inicialmente perguntar: será esse negócio uma grande novidade? e trará tanta oportunidade quanto a noticia faz parecer? O desconhecimento dos brasileiros que procuram o empreendimento reflete o desconhecimento histórico que o Brasil tem da África e faz jus ao conhecimento dos que a divulgam. Não compete encontrar aqui as razões por que “tão boa oferta” somente agora chega ao Brasil nem tão pouco saber quem está por trás desse affaire. Interesses seguramente devem existir dos dois lados, o africano e o brasileiro.<br />
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Mas a quem pode NÃO interessar esse projeto?<br />
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A região em questão possui vegetação diversa onde vivem cerca de 12 milhões de pessoas organizadas em sociedades com histórias, línguas, culturas e formação social próprias. Estão lá os macuas, os macondes, os nyanjas, os chuabos e outros. Foi o principal palco da guerra de libertação nacional de 1964 a 1975, e nos anos 80 da guerra de desestabilização levada a cabo pela África do Sul e pela Renamo. É uma população de resistência e luta. E o que dizem do modelo desse projeto? Que impacto terá sobre essa população? O que pensam outras instituições locais? Quem efetivamente ganha e quem perde produzindo nesse modelo na região? Não falemos em aumento de PIB ou da exportação, mas em nível de vida, em ganhos palpáveis, materiais e imateriais da população.<br />
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A experiência que os fazendeiros brasileiros dizem ter no cerrado, e o jornal repete, é de produção técnica, não de relações sociais de produção. Ela não inclui a experiência no trato com as sociedades africanas, aliás, neste quesito perdemos para todos os outros concorrentes. O brasileiro não conhece e quase não sabe andar na África, pouco se interessou pelo continente, seguramente pelo complexo de culpa da escravidão. Foi preciso uma lei, a no. 10.639 de 9/2/2003, para introduzir essa temática nas escolas brasileiras. Só recentemente expandiu suas representações diplomáticas e vem ampliando a cooperação e presença, pese a demanda, interesse e simpatia que os africanos dirigiam ao nosso país. Mas enquanto ficamos ao longo do último século com retórica e boas intenções face aos africanos, pouco fizemos e conhecemos. Em três décadas de presença na África os chineses se tornaram os maiores parceiros do continente. Antes dos fazendeiros e homens de negócios estiveram os estudiosos, os diplomatas, os estrategistas. Desenvolveram planos de longo prazo e não chamaram as regiões de Shanxi ou de Sergipe. Conheceram a história e respeitaram a soberania dos Estados e seus povos. Muito pode-se criticar sobre a presença chinesa na África, menos que seja aventureira.<br />
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<b> A “novidade”</b> </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
Todos afirmam que a África é hoje um continente subdesenvolvido, isto é, com carências alimentares, na habitação, na saúde, na educação, na capacidade produtiva, mas por quê? Como chegou a se subdesenvolver? Deixemos de lado o tráfico de escravos que mutilou sociedades por mais de três séculos (período que a força de trabalho africana era arrastada a produzir nas fazendas brasileiras – possivelmente em terras dos antepassados dos 40 fazendeiros) e nos aproximemos do século 20. O que fizeram os europeus, franceses, ingleses, portugueses e belgas na África? O que foi e como foi o colonialismo africano senão um fenômeno do século 20? Não foram lá essas metrópoles para civilizar e levar deus aos africanos? Não foram lá levar a civilização e ensinar-lhes como e o que produzir e consumir? E muito produziram... Mas como fizeram? <br />
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A colonização levada a cabo pelas potências foram entregues a companhias concessionárias (majestáticas ou à charte na França), que recebiam grandes concessões de terra em troca de pagamento de taxas ao estado colonial, na obrigação de produzirem, e para tal podiam explorar e gerir as populações residentes. Umas desenvolveram a agricultura de exportação (para as metrópoles que viviam a revolução industrial), e até integraram regiões com estradas e ferrovias para escoamento. Outras dedicaram-se à exportação de trabalhadores para as minas dos países vizinhos (caso da Companhia do Niassa). Muito se produziu e se exportou. Criaram-se fortunas com o amendoim, o copra, o algodão, o sisal, o café, o tabaco, a madeira... E onde estão estas riquezas? Nos palácios, estradas e infraestruturas africanas? No sistema de educação, saúde e no nível de alimentação da população negra? O povo africano trabalhou nesse século sob a batuta colonial. Produziu muito no sistema de concessão que agora se quer renovar, e foi esse modelo o que subdesenvolveu a África, trazendo para os africanos a miséria que vivem hoje. E é esse o modelo que agora se quer repetir. Antes dele os povos estavam em melhor situação que após.<br />
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Não são as terras fartas que chamam a atenção dos nossos fazendeiros, mas a existência de uma mão de obra que pode trabalhar a baixíssimos salários. Isso porque ela tem acesso à terra, já que boa parte da terra ainda é comunitária, e garante a própria subsistência. Enquanto esses homens trabalham nas fazendas, suas famílias produzem nas roças tradicionais. E, tendo a subsistência garantida, são impelidos ao trabalho quase gratuito, muitas vezes à força como demonstra a história, nas áreas dos fazendeiros brancos. Ao final do processo produtivo, a exportação, o PIB, os bolsos de poucos políticos e empresários nacionais envolvidos poderão crescer, mas a população continuará vivendo basicamente das suas subsistências e cada vez mais dependente de uma sociedade que a vem dominando culturalmente, através do radio e da TV, com canais globais e religiosos universais, cada vez mais produzidos aqui mesmo na tropicália. O contexto para um novo colonialismo está preparado, e a sua repetição transformará o que foi o drama colonial numa farsa liberal. Na versão colonial do século 20 as sociedades africanas encontravam-se ainda estabelecidas e foram fortemente exploradas nessa articulação com o capitalismo colonial, que a reduziram à pobreza atual. Hoje elas encontram-se fragilizadas, desconfiadas, famintas, e reeditar tal sistema com promessas e perspectivas de que irão melhorar é uma mentira criminosa. <br />
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Convém observar que a mudança desse modelo de exploração para o modelo desenvolvimentista, industrializante, com início no pós Segunda Guerra facilitou as propostas nacionalistas que culminaram com as independências das colônias na década de 60. Mas este assunto merece outro artigo.<br />
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<b> O risco</b> </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
Dizem que as terras em Moçambique estão ociosas. Na verdade, estão ocupadas há séculos por populações que a cultivam com tecnologias específicas, para a sobrevivência, num sistema que exige grande reserva natural e rotação. Quando os portugueses chegaram no continente encontraram homens e mulheres saudáveis e fortes. Não eram povos subnutridos nem subdesenvolvidos, mas populações com níveis tecnológicos distintos dos colonizadores. Passados o tráfico e o colonialismo, o que restou foram populações desagregadas, famintas, subdesenvolvidas, fruto das políticas produtivistas de quem “tomou conta da região”.<br />
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O que nós brasileiros queremos com a África? Mandar para lá fazendeiros para remontarem um sistema já conhecido historicamente e vencido socialmente, que produz e reproduz miséria para a grande maioria e lucro para poucos? Ou temos a intenção e alguma expectativa de estabelecer uma relação de cooperação que aponte para uma sociedade onde a vida das pessoas se transformem e melhorem? <br />
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O embaixador moçambicano em Brasília diz que “interessa-nos ter brasileiros em Moçambique produzindo, porque temos grande deficit de alimentos”, e o projeto prevê que será preciso empregar 90% de mão de obra moçambicana. A oferta é para produzir algodão, soja e milho, entre outros, visando a exportação. Sendo o milho o único atualmente utilizado para alimento humano. A Embrapa prepara as sementes com investimentos do Estado brasileiro, e o presidente da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão diz que “Moçambique é um Mato Grosso no meio da África, com terra de graça, sem tanto impedimento ambiental e frete mais barato para a China”. O chefe da Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa diz: “Nessa região, metade da área é povoada por pequenos agricultores, mas a outra metade é despovoada, como existia no oeste da Bahia e em Mato Grosso nos anos 80.” O projeto oferece também isenção para a importação de equipamentos.<br />
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O que pretende este programa é aproveitar as terras moçambicanas, “de graça”, produzir para exportação, aproveitando-se da mão de obra barata, e a ausência de regulamentação ambiental e sindical. Entretanto, sabe-se já de início, os projetos são de capital intensivo e grande tecnologia, e vão utilizar pouca mão de obra. Os produtos não serão consumidos no país e a renda interna proveniente será a modesta soma de alguns meticais por ano, que ficará com as instituições estatais. Moçambique não é a Bahia, pois a África não é o Brasil. Mas o “Havaí é aqui” e lá.<br />
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Como se observa, são projetos que podem ser viáveis economicamente, mas não são sustentáveis do ponto de vista ecológico e muito menos social.<br />
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Ao se concretizar a proposta em análise, faremos com que o aprofundamento da relação com a África, tão querida quanto necessária, se dê por um empreendimento tipo colonial comandado por fazendeiros (e jagunços) e com a benção dos estados. <br />
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Por desconhecimento da história, despreparo dos envolvidos, falta de objetivos estratégicos, estrutura e planejamento do empreendimento, incluído aí o nosso Estado (pese os avanços recentes), a aventura brasileira na África, nos moldes apresentado, tem muita chance de se dedicar a ir descobrir a roda no cerrado e cair no ridículo, perder dinheiro e criar novos personagens conradianos. <br />
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Mas, se der certo, dará razão a uma anterior parceria entre Brasil e Moçambique, a de Chico e Rui Guerra, por demais conhecida: “Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um império colonial (...), um imenso Portugal.” <br />
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Entretanto, um outro modelo de cooperação e investimento entre Brasil e o continente africano é possível e urgente de ser pensado. Mas temos que nos preparar internamente para isso, num escopo do que queremos para o nosso povo e das relações entre países. <br />
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É momento de governo, Estado, universidades, empresários, instituições públicas e privadas, como o Instituto Lula, opinarem sobre um novo modelo de parceria entre Brasil e a África, que envolvesse diferentes agentes brasileiros e africanos, inclusive os fazendeiros do cerrado, para encontrar outro ideal a ser cumprido.</span><br />
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<hr align="left" size="1" width="33%" /><div id="ftn1"><div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;"><span class="Caracteresdenotaderodap"><span lang="X-NONE" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">* </span></span><span lang="X-NONE" style="font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Economista, doutor em história econômica pela USP. Trabalhou mais de 12 anos em Moçambique, onde coordenou projetos agro-industriais na região de Niassa, Cabo Delgado e Nampula, após a independência em 1975, no ministério da Agricultura e no Banco de Desenvolvimento. Foi diretor do Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro.</span><o:p></o:p></span></div></div></div>O Diplomáticohttp://www.blogger.com/profile/08355359319007501248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-33164905168172823192011-08-24T10:40:00.007-03:002011-08-24T17:46:48.073-03:00Desafios da Política Externa alemã<div style="text-align: justify;">Caro leitor,</div><div class="MsoNormal"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal"><div style="text-align: justify;">para a difícil tarefa de escolher um tema para o meu texto de estréia no <b>O Diplomático</b>, resolvi adaptar a minha monografia de graduação do curso de Relações Internacionais, sob o tema: “Política Externa da Alemanha e sua agenda de segurança para a União Europeia”. Nos parágrafos iniciais, introduzirei o tema, a metodologia, a problemática e a hipótese. Em seguida, apresento minhas considerações finais.</div></div><div class="MsoNormal"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal"><div style="text-align: justify;">Para mais informações sobre o tema, após o texto está disponível a apresentação à banca examinadora.</div></div><div class="MsoNormal"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal"><div style="text-align: justify;">Boa leitura!<o:p></o:p></div></div><div class="MsoNormal"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal">André G. F. Pinto<o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoBodyText" style="line-height: 115%; margin-left: 134.7pt;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Pode ser que vosso vizinho vos seja simpático, ou não. Não tendes a obrigação de ser seu amigo ou de visitá-lo. Porém viveis lado a lado, e que fazer se nem vós nem ele se dispõem a deixar o lugar a que estão habituados, para se fixar em outra cidade? Com muito maior razão, o mesmo ocorre nas relações entre os Estados... Há apenas duas possibilidades: ou a guerra (...) ou a coexistência pacífica.”<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoBodyText" style="line-height: 115%; margin-left: 134.7pt; text-align: right;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(Nikita Kruschev)</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></o:p></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Nesta monografia, foi estudada a Política Externa da Alemanha, sob a perspectiva da União Europeia e da Segurança, pós-queda do Muro de Berlim, na perspectiva da segurança da União Europeia. Mais precisamente, este estudo foi feito por intermédio da descrição da agenda da Política Externa alemã, com foco nos aspectos da segurança.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Este trabalho é composto por três capítulos, o primeiro norteia os conceitos teóricos; o segundo contextualiza a Alemanha historicamente e traz uma breve explanação sobre a União Europeia; e, no último capítulo, são elencados alguns aspectos particulares da política externa alemã, descrevendo sua agenda, com foco na segurança.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Enquanto problema para este estudo, foram escolhidas as razões históricas vivenciadas, sobretudo, no século XX. Durante a Segunda Guerra, a posição da Alemanha foi de extremo repúdio às nações aliadas e sustentava uma postura nazista e ditatorial, com poucas alianças. Ao final da Guerra, praticamente todo o mundo, principalmente as grandes potências político-econômicas, havia tornado-se contra o Terceiro Reich, o que dificultou de grande forma a reinserção do País no contexto internacional. Posteriormente, de modo a reconquistar as demais nações, a Alemanha reunificada deveria, então, repensar totalmente suas ideologias durante a Guerra, seu comportamento perante o resto do mundo, sua política externa, sua agenda internacional, entre outros. Para desenvolver este estudo, recorremos ao método da pesquisa e descrição histórica e utilizamos como referencial teórico, os princípios da teoria neorrealista.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Em resposta a este problema, a hipótese foi a série de auxílios estrangeiros, principalmente, dos Estados Unidos, que, estrategicamente, exerceram um papel primordial para o resurgimento da Europa. Com a Guerra Fria, a Crise do Capitalismo e a ascensão do comunismo, os Estados Unidos financiaram a reconstrução da Europa, instituindo o Plano Marshall. Assim, ao decorrer dos anos, a nova Alemanha conseguiu inserir-se novamente no contexto internacional e, principalmente, no subsistema regional europeu.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal"><div style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O que será estudado é justamente a trajetória do desenvolvimento alemão pós-reunificação, seu atual posicionamento perante a agenda mundial e seu papel fundamental perante a União Europeia, principalmente no aspecto da Segurança.</span></div></div><div style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: justify;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-f3bhRZydfjg/TlU61vMIpEI/AAAAAAAAEek/VXde7CIxYf0/s1600/nie+wieder.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-f3bhRZydfjg/TlU61vMIpEI/AAAAAAAAEek/VXde7CIxYf0/s320/nie+wieder.png" width="320" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Nie Wieder (Fonte: Dachau, 2005, autoria própria)</span></td></tr>
</tbody></table><div style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A política externa alemã está pautada na continuidade e na confiabilidade e cunhada pela cooperação em parceria e pelo equilíbrio de interesses. As premissas que orientam a política externa alemã podem ser esboçadas nos axiomas <b>“nunca mais”</b> e <b>“nunca isoladamente”</b>. “Nunca mais” simboliza a renegação da política autoritarista e expansionista e o profundo ceticismo ante o poderio militar. “Nunca isoladamente” significa a firme integração na comunidade das democracias ocidentais. Os pilares que orientam a política externa são a integração da Alemanha numa Europa cada vez mais unificada e a consolidação de seus vínculos com a Organização do Tratado do Atlântico Norte. A Alemanha tem um engajamento diversificado nas organizações multilaterais de cooperação para o desenvolvimento<a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/VF-TCC_Andr%C3%A9%20Pinto_Pol%C3%ADtica%20Externa%20da%20Alemanha.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference">[6]</span></span></a>.</span></span></div></div></div><div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><h1 style="line-height: 115%; margin-left: 21.6pt; text-align: justify; text-indent: -21.6pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=624405816296627216&postID=3316490516817282319" name="_Toc277787353"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">C</span></a><a href="http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=624405816296627216&postID=3316490516817282319" name="_Toc277787353"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">ONSIDERAÇÕES FINAIS</span></a></span></h1><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">No presente trabalho, abordamos a agenda da política externa alemã, pautada nas questões de segurança para o País e para a União Europeia. Vimos, também, alguns pontos históricos fundamentais para o entendimento da atual estrutura – bem como conjuntura – europeia e todos os seus desdobramentos no subsistema europeu e em todo o resto do planeta.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Duas décadas posteriores ao colapso da velha ordem mundial, os Estados e os povos do mundo enfrentam novas situações, no novo mundo globalizado. Petrella comenta, acerca do atual cenário alemão e da União Europeia, tratar-se “<i>incontestavelmente de resultados que ninguém em 1930, poderia esperar ver ou sequer imaginar<a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><b>[1]</b></span></span></a></i>”. Ainda: <o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-left: 4.0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">“a União Europeia constitui um êxito histórico considerável. Há apenas 60 anos, os países europeus saíam de uma tragédia coletiva, uma ‘guerra mundial’ que eles haviam provocado, inscrevendo-se, aliás, em uma história plurissecular de guerras civis permanentes, causadas unicamente pela busca da hegemonia sobre o continente, por parte de uma ou outra grande potência nacional, como a Inglaterra, a Alemanha, a França e a Rússia. Desde 1979, os europeus se deram um Parlamento comum, eleito por voto universal; em 1992, um mercado comum; e no ano 2001, uma moeda comum. Também não existe mais a ruptura entre a Europa do Oeste e a Europa do Leste, que dividiu em duas partes a história do continente ao longo do século XX. Hoje, a União Europeia une todos os países da Europa, na espera da adesão dos países dos Bálcãs, uma vez terminada sua reconstituição<a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">[2]</span></span></span></a>”.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Como se pode observar, a Política Externa da Alemanha carrega, até os dias atuais, fortes recordações do passado beligerante do século XX. Isto, pois os conflitos e as atrocidades cometidas pelo III Reich causaram forte repúdio e medo dos demais Estados, com receio de que algo semelhante pudesse vir a ocorrer. Assim, a Alemanha – a RFA, desde os tempos anteriores à unificação e, naturalmente após 1989 – sempre fortaleceu a questão da cooperação e da defesa dos Direitos Humanos, bem como a manutenção da segurança. O reflexo deste comprometimento é notado quando os demais Estados – outrora adversários – reconheceram, não apenas o desgosto alemão pelo período do conflito, mas também os esforços para a reconstrução e integração da Europa. A citar um exemplo prático, vemos o papel desempenhado pelo primeiro chanceler federal, Konrad Adenauer, no anseio de estabelecer boas relações com os países vizinhos, especialmente a França, bem como o processo de reconciliação com Israel. Schöllgen observa: “<i>Isso pode parecer natural, mas considerando o panorama da política alemã e da guerra na primeira metade do século XX e das constelações rígidas da Guerra Fria, foi um grande desafio</i><a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[3]</span></span></span></a>”.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Como vimos durante todo este estudo, a Alemanha exerceu um fulcral papel na integração europeia. Iniciada por apenas seis países, em 1951, com a CECA e, atualmente, a União Europeia conta com 27 membros e, apesar de tropeços, todos os tratados que permearam a construção e reformulação deste Bloco retratam o anseio de adaptação aos padrões e realidades do atual cenário mundial e, nele, atuar representativamente.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Como define Duroselle:</span><o:p></o:p></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 4.0cm; margin-right: 21.15pt; margin-top: 0cm;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"> “Enquanto a autoridade estática possui meios de ação constitucionais, legais e regulamentares sobre o interior, quer dizer, sobre aquele que depende dela, ela não tem poder algum sobre o ‘estrangeiro’. Ela não pode conhecer de imediato qual será sua reação. Assim, todos os casos de relações internacionais compreendem um elemento interno, em que os meios são conhecidos, e um elemento aleatório que é a reação do estrangeiro<a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt;">[4]</span></span></span></a>”.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Como vimos no capítulo primeiro, sob a luz da teoria realista estrutural, podemos encontrar explicações para a continuidade e para as repetições na política internacional, não descartando as possibilidades de mudança. Ainda, com o receio de pressões e a busca do reconhecimento, e a tendência pelas socialização e competição, com a Alemanha, não foi diferente. Estrategicamente, Gerhard Schröder e Angela Merkel interferiram com acuidade para que os novos países do Leste Europeu, e especialmente a vizinha Polônia, tivessem uma representação significante nos órgãos da União Europeia. Notamos, também, nas relações energéticas, com a Rússia. A Alemanha, pobre em recursos naturais, adquire da Rússia grande parte do gás, petróleo e carvão que consome, demonstrando, não somente econômica, mas o quão estratégica é a aliança.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Tal comportamento tão soberano na política externa alemã seria impensável nas condições da antiga ordem mundial, dado o grande atrelamento e dependência dos Estados Unidos. Nos dias atuais, no entanto, isto é possível. Tanto Schröder como Merkel disseram em 2002 e 2009, respectivamente, que as decisões relacionadas com “<i>questões existenciais da nação alemã são tomadas em Berlim<a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><b>[5]</b></span></span></a></i>“. Isso significa que a Alemanha há sempre de defender os seus próprios interesses, juntamente com as decisões conjuntas.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Mencionando a defesa de interesses alemães, entramos na questão da supranacionalidade. Não que este seja, necessariamente o caso da Alemanha, mas, por exemplo, a Política Europeia de Segurança e Defesa nos mostrou que não é amplamente efetiva justamente por tocar na questão da hegemonia dos Estados, uma vez que um consentimento é bastante improvável e, quando de uma importante decisão estratégica individual em detrimento ao coletivo, à estes não lhes é vantajoso abrir mão dos interesses particulares.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Assim, pode-se concluir que o desafio da política externa alemã é continuação de sua política desde a reunificação, permanecendo: os aspectos de integração, multilateral, ajudas humanitárias, defesa dos Direitos Humanos, combate à pobreza e cooperando nas organizações das quais faz parte, como a OTAN, a ONU e na própria PESD, defendendo os objetivos conjuntos. É importante frisar a coletividade, pois, dado o passado histórico da Alemanha, ela deve ser sempre bastante cuidadosa para que seus desejos de crescimento e a notória hegemonia política e econômica exercida na região não se confundam com os mesmos desejos de superioridade despertados pelo nacional-socialismo.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Podemos nos arriscar e ir mais além, no paralelo das alianças estratégicas com a política externa alemã e citar os diversos envolvimentos armados, principalmente na África e Ásia, estabelecendo a hipótese que a Alemanha – apesar do desagrado do próprio povo alemão, bem como da comunidade internacional – envolve-se, justamente para estar presente ativamente em instituições como a OTAN, fazer alianças importantes com países igualmente importantes e um dos mais importantes: não agir isoladamente, mas em conjunto. Sobre as alianças estratégicas, podemos, mais uma vez, tecer um paralelo com Duroselle, no sentido de conhecer os “vizinhos” e evitar que sejam completos estrangeiros cada um com a sua própria legislação e regras, da mesma forma que a recíproca é verdadeira, isto é, a Alemanha não pode e não deve ser vista pelos vizinhos, como desconhecida e com regras e desejos próprios e antagônicos aos dos demais.<o:p></o:p></span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><object height="355" style="margin: 0px;" width="425"><param name='movie' value='http://static.slidesharecdn.com/swf/ssplayer2.swf?doc=andrpintopolticaexternadaalemanhatcc-13007298521162-phpapp01&stripped_title=poltica-externa-da-alemanha-e-sua-agenda-de-segurana-para-a-unio-europeia' /><param name='allowFullScreen' value='true'/><param name='allowScriptAccess' value='always'/><embed src='http://static.slidesharecdn.com/swf/ssplayer2.swf?doc=andrpintopolticaexternadaalemanhatcc-13007298521162-phpapp01&stripped_title=poltica-externa-da-alemanha-e-sua-agenda-de-segurana-para-a-unio-europeia' type='application/x-shockwave-flash' allowscriptaccess='always' allowfullscreen='true' width='425' height='355'></embed></object><br />
<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftnref1">[1]</a> PETRELLA, Ricardo. Europa – Perspectiva e desafios. Rio de Janeiro: II Conferência Nacional de Política Externa e Política Internacional – II CNPEPI. O Brasil no mundo que vem aí. Europa. Fundação Alexandre de Gusmão, 2007. p 115.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftnref2">[2]</a> Idem, Ibid.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftnref3">[3]</a> SCHÖLLGEN, Gregor. Alemanha – parceiro no mundo. Disponível em <http://www.tatsachen-ueber-deutschland.de/pt/politica-exterior/main-content-05/alemanha-parceiro-no-mundo.html>. Acesso em 03/11/10.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftnref4">[4]</a> DUROSELLE, Jean-Baptiste. Todo Império Perecerá: Teoria das Relações Internacionais. São Paulo: ed. UNB, 2000. p 59.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/desafios%20da%20politica%20externa%20alem%C3%A3%20o%20diplomatico.docx#_ftnref5">[5]</a> PERFIL DA ALEMANHA. Politica externa na era da globalização. Disponível em <http://www.tatsachen-ueber-deutschland.de/pt/politica-exterior/main-content-05/alemanha-parceiro-construtivo-brna-ue.html>. Acesso em 30/10/10.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/andrepinto/Dropbox/VF-TCC_Andr%C3%A9%20Pinto_Pol%C3%ADtica%20Externa%20da%20Alemanha.docx#_ftnref1">[6]</a> Idem, Elementos básicos da política externa. Disponível em <http://www.tatsachen-ueber-deutschland.de/pt/politica-exterior/indice/glossary05.html?type=1&tx_a21glossary%5Buid%5D=707&tx_a21glossary%5Bback%5D=117&cHash=e5dc7df3a0>. Acesso em 07/09/09.</span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-64118105531800651422011-08-21T22:15:00.011-03:002011-08-23T00:01:25.526-03:00Os dois lados da moeda<i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Por Paulo Roberto Meirelles</span></i><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-8t1OfLR_5TA/TlGu-Z79vwI/AAAAAAAAAAQ/RipljgZmlyo/s1600/sept-20-08-global-financial-crisis.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5643484195209461506" src="http://2.bp.blogspot.com/-8t1OfLR_5TA/TlGu-Z79vwI/AAAAAAAAAAQ/RipljgZmlyo/s320/sept-20-08-global-financial-crisis.jpg" style="float: left; height: 263px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; margin-right: 10px; margin-top: 0px; width: 320px;" /></a> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;">Na recente edição (Ed.7 – Ano XX) da revista internac</span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;">ionalmente conhecida como referência do mercado fina</span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;">nceiro <i>“Bloomberg Markets”</i>, duas matérias antagônicas ocuparam a mesma edição. De um lado, se comenta o sufoco pelo qual a economia norte-americana se encontra. Com falta de dinheiro, o governo conseguiu a duras penas aumentar o valor máximo para emissão de novos títulos, podendo assim captar novos recursos para serem utilizados para o rescaldo da situação na qual a maior economia se encontra. O período <i>“quasi-calote”</i> por parte do governo fez com que os mercados se comportassem de modo a se ter cautela com o futuro incerto que se abre. Enquanto o debate entre redução de custos x aumento de impostos se impõe no cenário político, um possível aumento do limite da dívida ainda sim demonstraria os períodos de dúvida que a economia passa. No cenário europeu, o recente pacote de austeridade implantado serve apenas de panos quentes na situação que se impõe no bloco econômico, com os receios de uma nova crise econômica na Itália.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 18px;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;">A mesma revista que demonstra toda sua preocupação e opiniões ora confiantes, ora desacreditadas de uma recuperação ao longo prazo, enaltece executivos de empresas de países emergentes e utiliza 8 páginas para descrever o modo pelo qual os clubes de investimento crescem diariamente atraindo as atenções do mundo inteiro. Esse “momento brasileiro” que tomou conta do cenário econômico. A intensa migração de estrangeiros bem capacitados para ocupar vagas em setores com falta de mão de obra criou um novo período em universidades pelo mundo. Aulas e estudos sobre o Brasil, bem como aulas de português, até então relegadas a poucos alunos vêm cada vez mais o interesse pelas cadeiras dentro desses estudos.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;">Consonante à volatilidade do mercado, o Brasil cresce. Em dias em que uma única empresa teve o mesmo valor de mercado que um conjunto de bancos europeus, tivemos um aumento na confiança que a indústria deposita em nossa economia. Isso não nos deveria impressionar. Nosso país vem passando por um extenso período de reformas que pudessem nos trazer uma estabilidade no período pós-inflação que passamos no final dos anos 80. Seria um caminho natural que, com o tempo, tais processos levassem a uma economia mais austera, e que atraísse cada vez mais atenção para si própria.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;">Mas a economia por si só não foi o principal vetor disso. O próprio mercado financeiro modernizou-se. As grandes empresas buscaram cada vez mais serem transparentes e aplicarem os princípios de governança corporativa, adquirindo o nível de “Novo Mercado”. Com isso, acabam ficando cada vez mais confiáveis para que o mercado de capitais aqui se torne atrativo e, como dito anteriormente, faça com que os clubes de investimento aqui se tornem cada vez mais atraentes. É o “momento brasileiro”.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Não quero chegar a nenhuma conclusão específica com essas breves linhas. Quero apenas demonstrar que, se de um lado o mundo financeiro se demonstra cada vez mais volátil, sensível a qualquer movimentação ou acontecimento das grandes potências, o Brasil vai se distanciando dessa “ressaca” que acomete os países que até então se demonstravam bem sólidos, e que tinham suas dívidas soberanas com as mais confiáveis para o mercado financeiro, a exemplo dos títulos do tesouro americano (US T’Bills), que são usados como referência no mercado global. Os lados da moeda se inverteram, e resta a nós saber utilizar essa nossa fase.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-24880229614311927592011-08-21T18:11:00.011-03:002011-08-22T23:48:26.079-03:00Revolta ou revolução?<div style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Por Max Gimenes</span></i><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O ano de 2011 começou com o norte da África e o Oriente Médio em efervescência política e social. Desde então, as revoltas populares que explodiram em alguns países, como Tunísia e Egito, entraram para a pauta de discussões da sociedade brasileira. </span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A cobertura da mídia tradicional talvez tenha feito boa parte de nós enxergar essas mobilizações como luta deliberada desses povos por “liberdade” e democracia representativa. Mazelas foram trazidas à tona, e tudo como se o Ocidente tivesse acabado de descobri-las. Em paralelo, foram deixadas de canto necessidades econômicas imediatas do povo, não satisfeitas ante a opulência da elite. </span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Muitos ativistas de esquerda, no entanto, não ficam atrás quando o assunto é abordagem “ideológica”, aqui no sentido próximo de [Émile] Durkheim, de análise que parte da ideia à realidade, para depois tentar adaptar a última à primeira. A compreensão das transformações no mundo árabe passa necessariamente por uma análise desapaixonada do fenômeno, possível mesmo que o indivíduo tenha lado, como todos invariavelmente têm. </span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Este texto não tem como objetivo apresentar um estudo aprofundado e sistemático, mas apenas convidar à reflexão a respeito de uma questão não meramente semântica, mas eminentemente política. Como dizia Florestan [Fernandes], o debate terminológico não nos interessa por si mesmo, mas porque o uso das palavras traduz relações de poder e de dominação. Seria tarefa da burguesia, segundo ele, confundir os espíritos quanto ao significado de algumas palavras-chave. Ao passo que a revolucionários caberia a tarefa de desfazer tal confusão, jamais contribuir com ela. </span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O dicionário de política de [Norberto] Bobbio contribui com a reflexão. Poderíamos dizer que uma revolução nacional ou regional implica, ao menos a partir da Revolução Francesa, uma manifesta motivação ideológica, uma vontade de subversão total da ordem vigente em busca de algo que jamais existiu, que conduz a transformações no modelo sócio-econômico. Uma revolta, por seu turno, tem características diferentes, como o anseio vago por um regresso a princípios originários pervertidos ou insatisfações políticas e econômicas mais conjunturais, passíveis de serem parcialmente atendidas sem mudança estrutural, o que abafa o levante. No caso de Tunísia ou Egito, por exemplo, países de maioria muçulmana, o fator religioso corrobora a hipótese desse “olhar para trás” como motivação e não pode ser ignorado. Tampouco pode ser ignorada a influência das necessidades econômicas, como é evidente no episódio do rapaz que desencadeou protestos na Tunísia após atear fogo ao próprio corpo. </span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Expressões como “revolução cidadã”, para utilizar o exemplo do processo de democratização da sociedade em curso no Equador, escapam a esta crítica por dizerem respeito a um elemento isolado, no caso a cidadania, e trazerem “revolução” em seu sentido corrente de rápida e/ou grande transformação. O que parece descabido é falar em Revolução Árabe ou Egípcia, por exemplo. A insistência desesperada em chamar de “revolução” acontecimentos mundo afora não mostra senão a debilidade de parcela da esquerda, aparentemente incapaz de manejar instrumentos legados sem fazê-lo de forma dogmática ou afetada. </span></div></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZVX551U1wXZbI0OKIdCvgaqTqBY8DIaDg5zkB6wZFm2cRfQS2DVoBkcuVvXKiShQ6HCUZwAHbuiEzB1A0ga4zFltzRd_aV_KC90GuXy6nRYfFbtUMKhUtRRmuhkT6DNNreePBI2A6TIFf/s1600/egito3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZVX551U1wXZbI0OKIdCvgaqTqBY8DIaDg5zkB6wZFm2cRfQS2DVoBkcuVvXKiShQ6HCUZwAHbuiEzB1A0ga4zFltzRd_aV_KC90GuXy6nRYfFbtUMKhUtRRmuhkT6DNNreePBI2A6TIFf/s400/egito3.jpg" width="400" /></span></a></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Talvez seja mais cauteloso enxergar o fenômeno como ajuste de contas do capitalismo global com os arranjos institucionais incompatíveis dessas sociedades, que impõe à livre circulação de capitais uma onerosa mediação desempenhada por ditadores parasitas, que são tolerados apenas na medida em que sua derrubada coloca em risco interesses hegemônicos. </span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">No caso do Egito, por exemplo, em que contribui para uma autêntica revolução a banalização do termo ao ser aplicado a um processo tutelado pelo imperialismo estadunidense e que pode vir a conduzir ao governo do Estado egípcio, ainda que “laico” e “democrático” formalmente, alguém como Mohamed ElBaradei, que não surpreenderia se fizesse uma administração corrupta e pró-EUA/capital financeiro e frustrasse o conjunto da população? </span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O fato de chamarmos um processo de revolução não o faz mais próximo de ser efetivamente uma revolução. Ao contrário, corre-se assim o risco, a despeito da boa vontade, de torná-la ainda mais distante. </span></div></div><div><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></i><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></i></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><i>Este texto foi originalmente publicado no jornal </i>O Kula<i>. </i></span> </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-6708594975789388122011-08-20T00:48:00.008-03:002011-08-22T23:45:43.043-03:00Obama esse "socialista europeu"<i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Por Marcio Moraes do Nascimento</span></i><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9wVeHHS-h0FijJlj60lUyAoDDaeapdOZWzr5JLXg4YoZg2FnmFBvq_fjH9r_WmA3YFujyubsGH5zfzxbnPeV_3F0Q3Q8OmaEKG5dImD-oT_TPGHZenLpj34j706QKbrx48w6MJM3tIUEh/s1600/obama+socialista.jpg"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9wVeHHS-h0FijJlj60lUyAoDDaeapdOZWzr5JLXg4YoZg2FnmFBvq_fjH9r_WmA3YFujyubsGH5zfzxbnPeV_3F0Q3Q8OmaEKG5dImD-oT_TPGHZenLpj34j706QKbrx48w6MJM3tIUEh/s1600/obama+socialista.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 508px; margin: 0 0 10px 10px; width: 340px;" /></span></a><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Quem se lembra a época das ultimas eleições presidenciais dos EUA das diversas “insinuações” feitas pelos setores do conservadorismo estadunidense em relação ao então candidato Barack Obama? Eram várias e de diversas matizes, porém, uma que me chamava bastante atenção era a “acusação” que Obama não passava de um “socialista” do tipo europeu, ou seja, algo que ficou conhecido como a socialdemocracia à partir do fim da Primeira Grande Guerra Mundial, o que para os adeptos do G.O.P.<a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[1]</span></span></span></a> era uma característica indefensável, ensandecidos gritavam nos comícios da dupla McCain e Palin a denunciar a traição de Obama aos valores que construíram a “América”. As coisas pioraram quando Obama apresentou seu programa de reforma (ou revolução para os indefectíveis republicanos) do sistema de saúde dos EUA, as acusações aumentaram e se tornaram histéricas, lógico, os ultradireitistas do Tea Party estavam à frente do escarcéu. Eminentes “cientistas políticos” (auxiliados pela Rede Fox do insuspeito Rupert Murdoch) que respondem pelo nome de Mike Huckabee e Sarah Palin, não sei se por puro devaneio, miopia política ou fundamentalismo, alegavam que Obama iria transformar a pátria dos “Founding Fathers”, nos “Estados Unidos Socialistas da América.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Mas não é que de certa forma esses fanáticos que infelizmente cada vez tem mais espaço na política dos EUA e mundial tinham sua pontinha de razão. Obama e as tradicionais formações socialistas europeias cada vez estão mais próximos, diante do atual quadro de crise sistêmica do capitalismo.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Vejamos o fenômeno que acomete os partidos europeus de denominação socialista ou trabalhista, todos sob o signo da Internacional Socialista (IS)<a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[2]</span></span></span></a> , na verdade uma internacional de partidos sociais democratas, liberais e outros que são inomináveis e abomináveis, por exemplo, o Partido Nacional Democrático (PND) do ditador egípcio Hosni Mubarack e o Agrupamento Constitucional Democrático (RCD) do ditador Ben Ali da Tunísia faziam parte dos quadros da Internacional Socialista, foram expulsos somente quando as ruas do Magreb derrubaram seus regimes nefastos, nesse caso, já notamos uma semelhança com a diplomacia de Obama e Hillary Clinton no episódio da propalada “primavera árabe”, a postura é bem parecida, não? Tiranos amigos, de repente são apeados do poder pelo povo oprimido, surpreendidos, os “incautos” do Departamento de Estado e da socialdemocracia européia, sem ter pra onde correr, passam a apoiar a deposição dos tiranos, que outrora eram tratados com grande deferência.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Agora, centramos a posição dos diversos partidos de denominação “socialista” diante da crise econômica na Europa, sobretudo Grécia, Portugal e Espanha. Esses países são ou eram dirigidos - caso de Portugal - por partidos socialistas, respectivamente o PASOK<a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[3]</span></span></span></a> (Partido Socialista Grego), o PS (Partido Socialista Português), e o PSOE (Partido Socialista Obrero Espanhol). Acometidos por grave crise econômica, a receita para debelá-la foi a mesma, ou muito semelhantes, ou seja, pacotes de austeridade fiscal, drásticos cortes nos programas sociais, precarização do emprego, as mesmas velhas políticas dos organismos da governança global (FMI, Banco Mundial, etc.) que jogaram o mundo numa crise econômica sem precedentes no pós guerras. Como Obama não é Franklin Delano Roosevelt e não tem liderança para enfrentar a ultradireita do Partido Republicano, repetiu a receita, cedendo a chantagem ou colaborando com os mesmos, assim como a ex esquerda europeia cede em relação à troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia). O acordo aprovado no congresso dos Estados Unidos é um grande passo para acabar com o que sobrou do New Deal. O pacto entre Obama, o Tea Party e os lobistas de Wall Street, representa uma grande derrota para os mais pobres, vai assegurar cortes profundos na rede de proteção social estadunidense, programas como o Medicaid, o Social Security e o Medicare correm sérios riscos, assim como o Welfare State europeu. Como bem definiu o economista Joseph Stiglitz<a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[4]</span></span></span></a>:</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> <i>“as más ideias cruzam facilmente as fronteiras e as noções econômicas equivocadas de ambos os lados do Atlântico se reforçaram entre si. O mesmo se aplica à estagnação que essas políticas provocam”.</i></span><br />
<i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">É evidente que a aproximação entre as políticas do outrora partidos progressistas europeus e Obama, se dá muito mais pelo esgotamento do modelo dos partidos europeus, que ao longo dos anos já davam sinais de capitulação frente ao neoliberalismo ascendente nos anos Thatcher, Reagan e Helmut Kohl, processo esse aprofundado à partir do surgimento da malfadada Terceira Via<a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[5]</span></span></span></a> do ex primeiro ministro britânico Tony Blair e do sociólogo Anthony Giddens, um parêntese, o mesmo Giddens em impressionante artigo ao The Guardian, afirma: “Se Kadafi é sincero sobre a reforma, como penso ele é, a Líbia pode acabar como uma Noruega do Norte da África”<a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[6]</span></span></span></a> (estava bem de ideólogo o Blair). A pretensa formação demasiadamente “liberal” de Barack Obama, não passou de mera fumaça, é claro que muitos se iludiram, o mesmo que vos escreve nesse espaço, foi entusiasta da campanha de Obama, por tudo de novidade que apontava no momento, porém os limites da política estadunidense são estreitos.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Em artigo n´O Diplomatico de 24 de dezembro de 2008, apontava que era preciso estar preparado para se decepcionar com Obama, porém, infelizmente as decepções foram maiores do que supunha, entretanto, torço para que o atual mandatário da declinante super potência se reeleja, a opção representada pelos republicanos é nefasta em demasia, assim como torço para que forças verdadeiramente progressistas voltem a surgir na Europa, talvez o Bloco de Esquerda (Portugal), o Die Linke (Alemanha) e Nouveau Parti Anticapitaliste (França), no futuro possam se constituir em forças que reinvente a esquerda européia, mesmo porque a esquerdo pensamento progressista está sendo amplamente derrotado nesses três anos de crise econômica, a agenda ultraordoxa apesar de ser a responsável pela crise, continua a ser aplicada por diversos governos, como assinalou Flávio Aguiar<a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[7]</span></span></span></a>: </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><o:p> </o:p><span class="Apple-style-span"><i>“</i><span class="apple-style-span"><i><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; line-height: 115%;">Quais são as propostas da esquerda? Não me refiro ao Brasil, onde elas existem, e são perfeitamente capitalistas, ainda que do tipo social-democrata, e isso é bom. No mundo, onde estão? Desconheço. Se alguém souber, me avise. O fato é que a esquerda está na UTI da história, e a direita na administração do hospital. A América do Sul é a exceção, não a regra. Os outros continentes estão à direita, não à esquerda</span></i></span><i>”.</i></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><i><br />
</i></span></div><div><hr align="left" size="1" width="33%" /><div id="ftn1"><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 115%;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[1]</span></span></span></span></a><span style="line-height: 115%;">Grand Old Party<o:p></o:p></span></span></div></div><div id="ftn2"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[2]</span></span></span></a> A atual Internacional Socialista em nada se parece com a Internacional de Karl Marx e muito menos com a II Internacional de Lenin, Gramsci e Rosa Luxemburgo, apenas retomou o nome da organização que rachou em decorrência da posição da socialdemocracia europeia em relação a Primeira Grande Guerra<o:p></o:p></span></div></div><div id="ftn3"><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 115%;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[3]</span></span></span></span></a><span style="line-height: 115%;"> Não por coincidência o Primeiro Ministro Grego, Georges Papandreou é o Presidente da Internacional Socialista.<o:p></o:p></span></span></div></div><div id="ftn4"><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[4]</span></span></span></a> <span style="line-height: 115%;">Um contágio de más ideias. Disponível em: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18242</span></span></div></div><div id="ftn5"><div class="MsoFootnoteText"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[5]</span></span></span></a> Blair e Giddens apregoavam um tal de centro radical, do alto da minha ignorância ainda não consegui entender como o centro pode ser radical.</span></div></div><div id="ftn6"><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[6]</span></span></span></a> <span lang="EN-US">My chat with the colonel. </span>Disponível em: http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2007/mar/09/comment.libya<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/blits/Downloads/Obamaessesocialistaeuropeu.doc#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[7]</span></span></span></a> Flavio Aguiar, só falta dizer que ele é negro. Disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5151 </span></div></div></div>Marcio Moraes do Nascimentohttp://www.blogger.com/profile/10101821963067464299noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-57136022608770883342011-08-19T16:20:00.005-03:002011-08-19T16:22:27.541-03:00Quem somos?<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-family: Georgia, Utopia, 'Palatino Linotype', Palatino, serif; font-size: 12px; line-height: 16px;"></span><br />
<div class="post-body entry-content" id="post-body-7416819118312440764" style="position: relative; width: 600px;"><div style="text-align: justify;"><div style="line-height: 1.4;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; line-height: 16px;">Somos um grupo de amigos e ex-colegas de faculdade do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.</span></div></div><div class="MsoNormal" style="font-size: 13px; line-height: 1.4; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: inherit; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="font-size: 13px; line-height: 1.4; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: inherit; line-height: 16px;">Motivados por determinados assuntos, disciplinas e professores, envolvíamo-nos sempre em discussões fervorosas e de difícil opinião consensual, com vontade de analisar e compreender os problemas das relações entre as nações, bem como a projeção do Brasil sob a ótica das Relações Internacionais.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-size: 13px; line-height: 1.4; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: inherit; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="font-size: 13px; line-height: 1.4; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: inherit; line-height: 16px;">Foi com esse intuito, aliás, que muitos de nós estivemos juntos, em dezembro de 2008, na fundação de <b><i>O Diplomático</i></b>, que à época fazia parte das diversas iniciativas da então gestão do Centro Acadêmico de Relações Internacionais Benário Prestes: a Nova Ordem Acadêmica.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-size: 13px; line-height: 1.4; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: inherit; line-height: 16px;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="font-size: 13px; line-height: 1.4; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: inherit; line-height: 16px;">Dois anos depois, apesar da interrupção da publicação e dos diferentes rumos que cada um de nós tomou, prendidos pelo anseio comum de retomar nossas discussões e análises, decidimos unir esforços para trazer, reformulado, nosso tão importante empreendimento: sejam bem-vindos, mais uma vez, a <b><i>O Diplomático</i></b>.</span></div></div>O Diplomáticohttp://www.blogger.com/profile/08355359319007501248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-7207400798689924692011-06-26T20:03:00.001-03:002011-08-02T01:11:15.346-03:00O Diplomático de volta?Sim, o blog <b><i>O Diplomático</i> </b>está sendo reestruturado por seus antigos editores e colaboradores para voltar ao ar em <b>julho de 2011</b>. Aguardem notícias e participem!O Diplomáticohttp://www.blogger.com/profile/08355359319007501248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-83545429607594165292009-08-17T14:45:00.025-03:002009-08-31T16:54:32.703-03:00Editorial - Antes tarde do que nunca<div style="text-align: justify;"><br />Olá para todos!!!<br /><br />Antes de mais nada, como foi anunciado na edição anterior do nosso <strong>ODiplomático</strong>, a partir deste número, estou como editora.<br /><br />Para quem ainda não me conhece, sou aluna agora do sexto semestre matutino, curiosa com esse mundo grande e cheia de opinião sobre as coisas – nem sempre certas, mas normalmente ditas. Minha principal característica para os efeitos desta função é que o que me enche de vida é ver e ouvir o que os outros têm a dizer. Por isso, aguardo com a maior ansiedade a contribuição de todos os colegas para que o nosso blog seja cada edição ainda melhor.<br /><br />Feitas as apresentações, passamos agora para esta edição. Estamos um pouco atrasados, mas vocês vão ver que vai ter valido a pena esperar.<br /><br />Para começar, preparamos uma Agenda bastante interessante que vai desde oferta de estágios e chamadas de pesquisa para graduandos, a feiras, seminários e encontros ligados à área de Relações Internacionais e Comércio Exterior.<br /><br />Logo em seguida, temos uma entrevista que nosso querido amigo Max Gimenes fez com a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli. Na entrevista, que foi publicada pela revista Caros Amigos (parabéns, Max!), Maria Lucia destaca a importância de as dívidas dos países latino-americanos sejam revisadas já que, nas suas palavras “o endividamento tem sido um mecanismo contínuo, utilizado para sugar nossas riquezas e travar o desenvolvimento do nosso continente”. Quem não se lembra das aulas sobre o estouro da dívida brasileira na década de 80?<br /><br />A partir daí, temos três artigos. Um do Márcio Moraes (que dispensa apresentações) sobre o 51º Congresso da União Nacional de Estudantes (Conune), que contou com a participação de 4 delegados da Belas Artes e um observador – estão todos convidados a deixar suas impressões sobre o Conune aqui neste blog.<br /><br />O segundo, também do Max, sobre as nacionalizações do governo bolivariano na Venezuela. E o terceiro, de minha autoria, sobre a tentativa dos países do chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) de reduzir a dependência que suas reservas têm em relação ao dólar.<br />Temos ainda duas resenhas esta edição. Uma do professor Igor Fuser, que nos deixou na Belas Artes, mas continua escrevendo muito, sobre o livro A Revolução Venezuelana, de Gilberto Maringoni.<br /><br />O outro, de um colega da USP, sobre o Amor nos tempos atuais. O Mauro resenha o livro Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman, e relaciona a superficialidade da vida hoje e sua influência nos relacionamentos pessoais.<br /><br />Finalizando, nesta edição, ao invés de publicarmos uma charge, como de costume, disponibilizaremos um vídeo. Em tempos de gripe A, não custa nada lembrar que toda campanha internacional tem um interesse por trás.<br /><br />Agora, passo a falar sobre a Enquete. Na última edição, 41% dos votantes apoiaram a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de conceder refúgio político ao ex-militante da esquerda armada italiana Cesare Battisti; 29% discordou; 25% concordou em partes e 4% discordou em partes. O caso ainda está para ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).<br /><br />Nesta edição temos uma polêmica que deveria estar em todas as esquinas da sociedade brasileira, especialmente nas universidades e mais especialmente ainda nos círculos que discutem Relações Internacionais. O destino da imensa riqueza encontrada pela Petrobrás na camada abaixo do sal, o pré-sal. Como deve ser explorada, qual a melhor forma de extrair o petróleo e o gás de maneira que esteja a serviço do desenvolvimento do nosso país, quem deve fazer essa extração, o que e como fazer com o petróleo e, não menos importante, essa decisão deve ser tomada urgentemente ou é melhor ter mais elementos, mais pesquisas, para formar melhor uma opinião a respeito? Estas são algumas das perguntas que estão sendo feitas e respondidas, cada um de acordo com seus interesses.<br /><br />Vocês estão acompanhando este processo? Esta é a pergunta da enquete.<br /><br />Para quem estiver interessado em saber mais sobre o assunto, enviaremos a apresentação em PowerPoint do engenheiro e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, Fernando Siqueira, que esteve na nossa faculdade no final do semestre passado falando sobre o pré-sal.<br /><br />Até a próxima! </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-61467442356017023112009-08-17T14:45:00.024-03:002009-08-31T16:54:20.286-03:00Agende-se<span style="font-weight: bold;"><br />UNIFEM: ONU e escola argentina dão 20 bolsas a jovens</span><br />Até 19/08, brasileiros de 18 a 30 anos podem se candidatar, pela internet, ao auxílio de US$ 2 mil, que incentivará pesquisas sobre temas sociais e de gênero.<br />Formulário disponível no site: www.catunescomujer.org/catunesco_mujer/form_inscripcion.php<br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">2º Colóquio Internacional História das Religiões</span><br />Link: http://www.agencia.fapesp.br/materia/10872/agenda/2-coloquio-internacional-historia-das-religioes-teoria-e-metodologia.htm<br />27 e 28 de agosto na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.<br />Mais informações: historiadasreligioes@yahoo.com.br ou (11) 3670-8529.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Microsoft Research oferece bolsas e estágios</span><br />Link: http://www.agencia.fapesp.br/materia/10918/microsoft-research-oferece-bolsas-e-estagios.htm<br />Programas 2009-2010 de Estágios e de Bolsa de Estudos para Doutorado para estudantes latino-americanos abre inscrições no dia 17 de agosto.<br />Mais informações:<br />http://research.microsoft.com/en-us/collaboration/global/latam/latam-awards.aspx<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Simpósio de Pós-Graduação em Relações Internacionais</span><br />Link: http://www.agencia.fapesp.br/materia/10907/simposio-de-pos-graduacao-em-relacoes-internacionais.htm<br />O simpósio será realizado de 12 a 14 de novembro, em São Paulo.<br />O Programa San Tiago Dantas de Mestrado Acadêmico em Relações Internacionais recebe até 17 de agosto propostas de trabalho para apresentação na primeira edição do Simpósio de Pós-Graduação em Relações Internacionais.<br />Mais informações: www.unesp.br/santiagodantassp<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Agenda Centro Brasileiro de Relações Internacionais – CEBRI</span><br /><span style="font-style: italic;">* Atenção, a maioria dos eventos acontece no Rio de Janeiro onde se encontra a sede da instituição.</span><br /><br />18/08/2009 Mesa-redonda: Colômbia, Honduras e Venezuela<br /><br />21/08/2009 Seminário Jornalistas: União Européia e Mercosul<br /><br />27/08/2009 Almoço: Embaixador Uwe Kaestner<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Calendário Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp</span><br /><br />10/09/2009 Encontro Empresarial Brasil-Dinamarca - Meio Ambiente<br /><br />10 a 12/09/2009 Rodada de Negócios na Adventure Sports Fair<br /><br />22/09/2009 Encontro Empresarial São Paulo-Miami<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Feiras</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">XIV Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro</span><br />10/09/2009 a 20/09/2009 no Pavilhão de Exposições do Rio Centro. Aberta ao público das 10 às 22 horas<br /><br /><span style="font-weight: bold;">CARBONO ZERO – Feira e Conferência</span><br />06/10/2009 a 08/10/2009 no Centro de Exposições Imigrantes<br /><br /><span style="font-weight: bold;">FEIRA DE ENERGIAS - III Feira Internacional de Energias Alternativas</span><br />04/11/2009 a 06/11/2009 no Centro de Exposições Imigrantes<br /><br /><span style="font-weight: bold;">FIAM - 4ª Feira Internacional da Amazônia</span><br />25/11/2009 a 28/11/2009 no EXPO CENTERUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-611806806241141682009-08-17T14:45:00.023-03:002009-08-31T16:53:58.026-03:00Bate-papo - Max entrevista<span style="font-weight: bold;"><br />Dívida pública faz a farra dos especuladores</span><br /><br /><div style="text-align: justify;">A Auditoria Cidadã mostra como funcionam os mecanismos que colocaram o Brasil e outros países da América Latina reféns do capital financeiro<br /><br /><span style="font-style: italic;">Por Max Gimenes</span><br /><br />Em entrevista exclusiva (*), a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, conta como foi sua participação, a convite do presidente Rafael Correa, na comissão oficial de auditoria da dívida do Equador, em 2008. Presidentes de outros países, como Bolívia, Venezuela e Paraguai, demonstram a intenção de seguir o exemplo equatoriano. Para Maria Lucia, é preciso que o Brasil cumpra a Constituição Federal, que prevê a auditoria, para que a sociedade pare de pagar a conta à custa da privação de direitos sociais elementares, conta esta que a atual crise tende a tornar ainda mais cara.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Max Gimenes</span> - Como se sentiu ao participar da auditoria da dívida do Equador, enquanto o Brasil continua a pagar, todos os anos, milhões de reais como juros de sua dívida?<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Maria Lucia Fattorelli</span> - A realização da auditoria oficial da dívida pública equatoriana foi um dos principais fatos políticos da história da América Latina, pois significa um importante passo no sentido de nossa verdadeira independência e retomada de nossa soberania. Sem dúvida foi uma imensa honra ter sido designada pelo presidente Rafael Correa Delgado para a comissão da Auditoria da Dívida Equatoriana (CAIC), para realizar a auditoria integral de sua dívida pública interna e externa, visando à busca da verdade sobre o endividamento público. Esse trabalho representou um desafio imenso, pois o decreto presidencial determinou a realização de uma auditoria dos últimos 30 anos do processo de endividamento, envolvendo a investigação de aspectos financeiros, contábeis, jurídicos e também seus impactos sociais e ambientais. Considerando que teríamos apenas um ano para realizar essa tarefa, a comissão foi subdividida em subcomissões que se dedicaram especificamente a cada tipo de endividamento: multilateral (dívida externa contratada com FMI, Banco Mundial, Corporación Andina de Fomento e outros organismos multilaterais); bilateral (dívida entre o Equador e outros países ou bancos públicos de outros países); comercial (dívida contratada com bancos privados internacionais) e interna.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Max Gimenes</span> - O que foi apontado pela auditoria?<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Maria Lucia Fattorelli</span> - O resultado de todas as subcomissões apontou impressionantes ilegalidades e ilegitimidades verificadas em processos que sempre beneficiaram o setor financeiro privado, as grandes corporações e empresas privadas, em detrimento do Estado equatoriano e de seu povo, carente de tantos serviços públicos e de condições de vida digna, apesar das riquezas nacionais, como o petróleo. A sangria provocada pela dívida não permitiu que esses recursos servissem ao povo equatoriano. Uma das constatações mais importantes da comissão foi a incrível semelhança do processo de endividamento equatoriano com o brasileiro e o dos demais países latino-americanos. No caso da dívida externa comercial - com bancos privados internacionais de cuja investigação participei, a dívida atual representada por títulos Bonos Global é resultado do endividamento agressivo iniciado no final da década de 1970, durante a ditadura militar, majorado pela influência da elevação unilateral das taxas de juros pelo Federal Reserve a partir de 1979, por onerosas renegociações ocorridas na década de 1980, quando o Estado equatoriano assumiu inclusive dívidas privadas; seguido de renúncia à prescrição dessa dívida em 1992 e sua transformação em títulos negociáveis, denominados Bonos Brady em 1995, emissões de Eurobonos e nova transformação em Bonos Global em 2000. A dívida externa comercial equatoriana atual é fruto de sucessivas conversões equivocadas de uma mesma dívida que foi crescendo em função da alta de juros internacionais, assunção de dívidas pelo Estado, por seu valor nominal integral, inclusive dívidas privadas, processo que no Equador se denominou “Sucretización”.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Max Gimenes</span> - Qual a relação com a dívida brasileira?<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Maria Lucia Fattorelli</span> - O endividamento externo comercial do Brasil seguiu passos idênticos, verificando-se a coincidência de datas, nomes dos convênios e dos títulos da dívida, termos e condições estabelecidas nos diversos contratos, além de interferência expressa do FMI; enfim, quando analisava os documentos do endividamento equatoriano parecia que estava lendo os mesmos documentos aos quais já tivemos acesso no Brasil durante os trabalhos da Auditoria Cidadã da Dívida. Diante de tantas semelhanças, o ideal é que os demais países também realizem auditoria de suas dívidas públicas, pois o endividamento tem sido um mecanismo contínuo, utilizado para sugar nossas riquezas e travar o desenvolvimento do nosso continente. Várias iniciativas estão se conformando a partir do primeiro passo dado pelo presidente Rafael Correa: o Paraguai já está realizando uma investigação oficial sobre sua dívida externa, e na última reunião da ALBA (Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América), em novembro de 2008, Venezuela e Bolívia também anunciaram a intenção de fazer a auditoria integral de suas dívidas. O Brasil poderia estar em outro patamar de justiça social e desenvolvimento econômico se a auditoria da dívida prevista na Constituição Federal de 1988 tivesse sido realizada. É uma lástima que nenhum dos governos, nesses vinte anos, tenha respeitado esse preceito fundamental.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Max Gimenes</span> - O que é e como funciona na prática a auditoria de uma dívida?<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Maria Lucia Fattorelli</span> - Auditoria da dívida, em resumo, significa a investigação de todos os processos de contratação, renegociação, troca e rolagem de dívida pública – interna ou externa. A auditoria se dá com base na análise de documentos oficiais (contratos, títulos e correspondências oficiais, por exemplo) e registros existentes em livros de escrituração contábil, além de dados estatísticos e outras publicações existentes. A auditoria da dívida envolve também a análise de cifras (valores contratados/pagos; comparações entre o valor renegociado e o valor de mercado, comissões diversas, taxas de juros), estudo e análise da legislação de regência e outras questões jurídicas aplicáveis e, adicionalmente, visa à identificação dos participantes nos diversos processos relevantes.<br /><br /><span style="font-style: italic;">* A entrevista completa foi publicada pela revista Caros Amigos, edição de julho de 2009.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-4566934978013154172009-08-17T14:44:00.011-03:002009-08-31T16:51:06.474-03:00Artigo - Conune<div><strong><br />Sobre o Congresso da UNE e a hipocrisia da <span id="SPELLING_ERROR_0" class="blsp-spelling-error">mídia</span><br /></strong></div><br /><div align="justify"><em>Por Márcio <span id="SPELLING_ERROR_1" class="blsp-spelling-error">Moraes</span>*</em> </div><br /><div align="justify">Entre os dias 15 e 19 de <span id="SPELLING_ERROR_2" class="blsp-spelling-error">julho</span> foi realizado o 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes ao todo mais de 3.000 delegados (4 destes, eram da Belas Artes) de todos os cantos do país se credenciaram e tiveram direito a voz e voto neste Congresso. Como na maioria dos fóruns do movimento estudantil a organização não foi o forte o que prejudicou a participação dos estudantes nos 25 grupos de discussão. Além dos temas tradicionais do movimento de educação e estudantil (Reforma <span id="SPELLING_ERROR_3" class="blsp-spelling-error">Universitária</span>, <span id="SPELLING_ERROR_4" class="blsp-spelling-error">regulamentação</span> do ensino privado, <span id="SPELLING_ERROR_5" class="blsp-spelling-error">universalização</span> do ensino superior público de qualidade, cotas, <span id="SPELLING_ERROR_6" class="blsp-spelling-error">ENADE</span>) muitos debates das mesas de discussão versavam sobre temas <span id="SPELLING_ERROR_7" class="blsp-spelling-error">candentes</span> das relações <span id="SPELLING_ERROR_8" class="blsp-spelling-error">internacionais</span> como a crise <span id="SPELLING_ERROR_9" class="blsp-spelling-error">econômica</span>, financeira e ambiental, o golpe de estado em Honduras, integração latino americana, reintegração de Cuba a <span id="SPELLING_ERROR_10" class="blsp-spelling-error">OEA</span> e o fim do embargo a ilha <span id="SPELLING_ERROR_11" class="blsp-spelling-error">caribenha</span>.<br /><br />Entretanto o grande destaque do Congresso girou em torno da campanha “O Pré Sal é nosso!” (que preconiza um novo marco <span id="SPELLING_ERROR_12" class="blsp-spelling-error">regulatório</span> para o <span id="SPELLING_ERROR_13" class="blsp-spelling-error">setor</span>, sobre controle estatal e defendendo que parte dos recursos <span id="SPELLING_ERROR_14" class="blsp-spelling-error">advindos</span> da exploração das novas reservas, sejam aplicados <span id="SPELLING_ERROR_15" class="blsp-spelling-error">diretamente</span> na educação) e a <span id="SPELLING_ERROR_16" class="blsp-spelling-error">polêmica</span> em torno do Patrocínio de R$ 100 mil da <span id="SPELLING_ERROR_17" class="blsp-spelling-error">PETROBRÁS</span> ao evento, os grandes meios de comunicação se apressaram em denunciar a capitulação da UNE frente ao governo federal -, observando que está é “chapa branca” ou governista como preferem as organizações mais á esquerda que são opositoras da <span id="SPELLING_ERROR_18" class="blsp-spelling-error">direção</span> <span id="SPELLING_ERROR_19" class="blsp-spelling-error">majoritária</span> da entidade – já que esse patrocínio expressaria a falta de independência da UNE. Nada mais hipócrita do que esse <span id="SPELLING_ERROR_20" class="blsp-spelling-error">estardalhaço</span> da grande <span id="SPELLING_ERROR_21" class="blsp-spelling-error">mídia</span> corporativa, é notório que todo ano essas empresas recebem milhões de reais dos Governo Federal, Estaduais e Municipais com a venda de espaços <span id="SPELLING_ERROR_22" class="blsp-spelling-error">publicitários</span> em suas <span id="SPELLING_ERROR_23" class="blsp-spelling-error">TVs</span>, rádios e revistas, em nenhum momento esses mesmos órgãos questionam, se as <span id="SPELLING_ERROR_24" class="blsp-spelling-error">polpudas</span> verbas <span id="SPELLING_ERROR_25" class="blsp-spelling-error">publicitárias</span> recebidas dos entes <span id="SPELLING_ERROR_26" class="blsp-spelling-error">governamentais</span> estariam por lhe tirar a famosa “independência” editorial em relação ao poder estatal, fica a impressão que até mesmo de forma messiânica o jornalismo brasileiro se auto-denomina à prova de influencias externas, seja de governos ou de <span id="SPELLING_ERROR_27" class="blsp-spelling-error">lobbies</span> empresariais, contudo esse discurso da independência como já foi dito nesse espaço de informação serve a certos interesses e construções ideológicas.<br /><br />Não contente, a <span id="SPELLING_ERROR_28" class="blsp-spelling-error">mídia</span>, em diversas matérias, alerta para a mudança de postura da UNE, pois a entidade teria deixado de ser combativa, para ter uma abordagem passiva. Não é preciso ter muita memória para apontar a <span id="SPELLING_ERROR_29" class="blsp-spelling-error">esquizofrenia</span> do discurso das oligarquias que controlam os meios de comunicação do Brasil.<br /><br />Aponta o passado combativo da UNE como exemplo, porém, esse padrão de comportamento nunca foi apoiado pelos grandes <span id="SPELLING_ERROR_30" class="blsp-spelling-error">oligopólios</span> da comunicação brasileira, pelo contrario estes dois entes da sociedade civil brasileira sempre estiveram em lados opostos. Lembrando um passado recente posso dizer que a <span id="SPELLING_ERROR_31" class="blsp-spelling-error">mídia</span> apoiou a “<span id="SPELLING_ERROR_32" class="blsp-spelling-error">ditaduríssima</span>” brasileira (não é, Folha de São Paulo?), a UNE combateu; a <span id="SPELLING_ERROR_33" class="blsp-spelling-error">mídia</span> escondeu a campanha das “<span id="SPELLING_ERROR_34" class="blsp-spelling-error">Diretas</span> Já”, a UNE foi pra rua pedir eleições democráticas para presidente do país; a <span id="SPELLING_ERROR_35" class="blsp-spelling-error">mídia</span> elegeu Fernando <span id="SPELLING_ERROR_36" class="blsp-spelling-error">Collor</span>, os estudantes pediram seu <span id="SPELLING_ERROR_37" class="blsp-spelling-error">impeachment</span>.<br /><br />A UNE tem defeitos e eles são diversos, mas coadunar com o discurso hipócrita da <span id="SPELLING_ERROR_38" class="blsp-spelling-error">mídia</span> é servir aos interesses de quem sempre esteve contra o <span id="SPELLING_ERROR_39" class="blsp-spelling-error">projeto</span> de <span id="SPELLING_ERROR_40" class="blsp-spelling-error">democratização</span> do país. Recentemente a UNE se posicionou contra a medida do governo federal que prevê financiamento por parte do <span id="SPELLING_ERROR_41" class="blsp-spelling-error">BNDES</span> a instituições de ensino superior em dificuldades financeiras, curiosamente os meios de comunicação não ecoaram a posição de desacordo da UNE, por que será? </div><br /><br /><div align="justify"><br /><em>* Graduando do 8º semestre do Curso de Relações <span id="SPELLING_ERROR_42" class="blsp-spelling-error">Internacionais</span> Belas Artes</em> </div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-42064660302726447442009-08-17T14:44:00.010-03:002009-08-31T16:50:28.775-03:00Artigo - Venezuela<span style="font-weight: bold;"><br />Chávez e o significado de sua “macarronada bolivariana”</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">Max Gimenes</span> *<br /><br /><div style="text-align: justify;">O ano de 2009 começou de modo atípico. Com o estouro da bolha imobiliária estadunidense no segundo semestre de 2008, deflagrou-se a crise financeira, que mais tarde atingiria também a economia real, sendo considerada a mais grave desde a que eclodiu em 1929. Todos os países, sem exceção, estão sujeitos a pagar caro durante pelo menos este ano e o próximo pela irresponsabilidade da desregulamentação e especulação financeiras. Presidentes buscam combater a crise, implementando medidas de seu ideário, para ao menos atenuar os efeitos dela junto a suas bases de sustentação política.<br /><br />Na Venezuela, não seria diferente. Não é de hoje que Hugo Chávez afirma estar construindo em seu país o que chama de “socialismo do século XXI”. A oposição, venezuelana ou não, nunca levou esse projeto muito a sério, acreditando na tese de que o atual período não passaria de uma aventura e que o país logo voltaria à normalidade. Ou seja, ao bom e velho neoliberalismo. A crise, no entanto, abalou tal vertente há muito dominante, a do famigerado “pensamento único”. E, sem querer, abriu novas perspectivas para a esquerda em todo o mundo, a despeito do despreparo que esta tem demonstrado até o presente momento para aproveitar essas oportunidades.<br /><br />Hugo Chávez, no entanto, foi perspicaz e começou o ano dando prosseguimento a uma agenda nacionalizante na Venezuela. O episódio mais recente foi a ocupação e o anúncio da expropriação da multinacional estadunidense produtora de macarrão Cargill, acusada de descumprir a cota de produção com preço tabelado. Os “especialistas” consultados, liberais nada moderados em sua maioria, atacaram a política chavista de aumento da presença estatal na economia. Eles ainda são do tempo em que a orientação usual apontava para o enxugamento do papel do Estado e para a liberdade total ao setor privado. Deu no que deu, mas a mídia canarinho pouco aprendeu.<br /><br />O tabelamento de preços existe na Venezuela devido à sua inflação, de cerca de 30% em 2008, a maior da América Latina. A inflação, de modo breve, significa uma alta substancial e continuada no nível geral dos preços, concomitante com a queda do poder aquisitivo do dinheiro. Segundo a explicação liberal, num mercado em que há livre concorrência a inflação existe quando a procura supera a oferta. É a chamada inflação de demanda. Admitamos, a princípio, a validade do pressuposto, deixando momentaneamente de lado a existência dos monopólios.<br /><br />Para combater a inflação, seria preciso intervir em um dos lados da balança, a fim de restabelecer o equilíbrio entre procura e oferta. Historicamente, governos alinhados ao ideário neoliberal buscaram conter a demanda, implementando a chamada política de metas de inflação, em que crescimento econômico, empregos e salários são sistematicamente sacrificados e reduzidos para domar a inflação dentro da cerca que circunda o centro da meta.<br /><br />Uma alternativa a isso seria aumentar a oferta, com investimentos em infraestrutura para a ampliação da chamada capacidade instalada. Assim, seria possível atender à demanda e ainda permitir a abertura de mais vagas de emprego, criando um círculo virtuoso de crescimento econômico capaz de permitir o combate à pobreza e a promoção de justiça social. Um governo socialista, ainda que sob o capitalismo, pode ser caracterizado justamente por esses objetivos: a construção de uma sociedade sem classes, em que não exista pobreza e desigualdade. Nela, os investimentos e a produção estariam a serviço do povo para atender a suas necessidades. Diferentemente do capitalismo, sistema em que os investimentos e a produção estão a serviço da busca pelo lucro, ainda que à custa de um enorme prejuízo social.<br /><br />Se um governo promove melhoria nas condições de vida de sua população, principalmente nas daquela parcela com piores condições de vida, a procura por produtos no mercado aumenta, notadamente por produtos de primeira necessidade, como comida. Porém, ao mesmo tempo em que a procura aumenta, a oferta estaciona. Os investimentos capitalistas, orientados pela busca de lucro e não pela satisfação das necessidades das pessoas, diminuem. A possibilidade de lucros exorbitantes é ameaçada, logo o capitalista não se arrisca a investir. É coerente que não o faça e esperar o contrário é por demais ingênuo. Sem contar, é claro, o boicote ou sabotagem promovidos por uma parcela do empresariado que simplesmente não admite ver seus interesses serem contrariados.<br /><br />Havíamos deixado de lado até aqui a questão do monopólio. Vamos a ela. Acontece que no fim do século XIX, após um processo de concentração e centralização do capital, deu-se uma mudança importante no caráter do capitalismo, que passou da livre concorrência para o regime de monopólio, cujo objetivo não é apenas o lucro, mas o lucro máximo (uma vez que ele tem o poder de determinar o preço de mercado das mercadorias). Essa nova qualidade do sistema, que tende a acirrar suas contradições internas, desembocou na crise de 1929. E pariu o que hoje chamamos de capital financeiro (fusão do monopólio industrial e bancário, sob o controle deste último, segundo o economista Rudolf Hilferding), que se consagrou com a busca incessante por lucratividade a partir da década de 1970, passado o incêndio apagado pelo Estado. Daí por diante, deu-se o fenômeno da financeirização da economia.<br /><br />Deduz-se do que foi apresentado até aqui que, para combater a inflação neste momento de crise e rumar ao socialismo, a Venezuela não tem outra saída a não ser a de estatizar ao menos os setores estratégicos de sua economia no curto e médio prazos. Apesar de todo o ataque da mídia, as nacionalizações de Hugo Chávez são absolutamente coerentes e mostram a sua real disposição de cumprir as promessas que fez, concordemos com elas ou não, situação com a qual brasileiros certamente não estão acostumados. É também oportuno lembrar que o tal capital financeiro também incorporou meios de comunicação. Ou seja, a imprensa que brada contra nacionalizações não o faz senão para salvaguardar seus próprios interesses, travestindo-os de interesses do conjunto da sociedade.<br /><br />Tratar uma questão tão séria com zombarias como a presente na expressão “macarronada bolivariana”, termo cunhado em matéria do jornal Folha de S.Paulo (o mesmo que criou a “ditabranda”), não contribui para o debate. O tempo de caça aos comunistas acabou, mas isso não significa que o sonho marxista tenha seguido o mesmo destino. A questão, fosse levada a sério, teria de ser tratada de modo mais claro e objetivo. Estatização não é fim, é meio. Para quê? Para assegurar, no caso, cimento a quem quer construir seu teto e alimentos a quem deseja saciar sua fome. E tudo isso a preços justos. É democratização, e não o contrário, como insinuam alguns pretensos paladinos das liberdades individuais.<br /><br />A acepção de “macarronada bolivariana”, portanto, pode ser entendida unicamente como aquela que chega ao prato de todos, sem distinção de classe, cor, orientação sexual etc. Terrível assim. Ainda que tentem embaralhar os papéis e torcer a realidade para que o exemplo não seja seguido, não podem frear as transformações que de fato vêm ocorrendo em nosso continente, cansado de promessas vãs que não enchem barriga.<br /></div><br /><span style="font-style: italic;">* é estudante de Ciências Sociais.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-28117371229563169102009-08-17T14:43:00.014-03:002009-09-04T20:26:51.907-03:00Resenha - O Amor Líquido<div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS6kdQ0k1TXUqTFG7-eoXoxw0WbIlIXklrmGzA0y9ni_hXYVjDrvJlbBoiUATXnTTjx7KJUWpN1irItFS36gIy-S2ZdxPUBMwgUhEnDeNiGichzXGVqMHZChs_zpfJjDasKwDBPDbwS2gb/s1600-h/Resenha+-+O+Amor+L%C3%ADquido+-+Mauro+Henrique+dos+Santos.jpg"><img style="margin: 0px 0px 10px 10px; width: 205px; float: right; height: 320px;" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5375908589521755554" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS6kdQ0k1TXUqTFG7-eoXoxw0WbIlIXklrmGzA0y9ni_hXYVjDrvJlbBoiUATXnTTjx7KJUWpN1irItFS36gIy-S2ZdxPUBMwgUhEnDeNiGichzXGVqMHZChs_zpfJjDasKwDBPDbwS2gb/s320/Resenha+-+O+Amor+L%C3%ADquido+-+Mauro+Henrique+dos+Santos.jpg" border="0" /></a><br /><div><span style="font-weight: bold;">O Amor Líquido [Ou algumas considerações acerca do amor moderno]</span><br /></div><br /><div><span style="font-style: italic;">Por Mauro Henrique Santos *</span><br /><br /><div style="text-align: justify;">Este é um artigo que nunca gostaria de escrever e muito menos que fosse necessária a sua indicação. Não por uma possível inutilidade, mas sim por um desejo idealista meu de que o Amor, instância para mim superior, fosse sempre imaculado e não influenciado por qualquer coisa que esteja fora dele mesmo. Mas infelizmente, neste sentido, como disse Marx:<br />"O modo de produção dos bens materiais de existência determina necessariamente o processo de vida social, cultural e intelectual” [1].<br /><br />Sendo o amor um fenômeno social e, portanto, construído historicamente, sofre influências desse mundo que se convencionou chamar de "pós-moderno" [2] e do modo de produção neoliberal, em que o "homem sem vínculos" [3] é eleito o nosso grande herói. Esse é o cerne do pensamento de Zygmunt Bauman, um dos nossos maiores sociólogos vivos, preocupação que pode ser vista melhor no seu livro, Modernidade Líquida e, em relação ao tema deste artigo, o Amor Líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos.<br /><br />O conceito de líquido é uma retomada da célebre frase de Marx: "Tudo que é sólido se desmancha no ar" [4]; em que o filósofo critica a atuação da burguesia de substituir todas as relações que eram sólidas como, por exemplo, o amor e a família, que tanto ele como seu companheiro de produção Engels, dissertariam depois [5]. Bauman estuda essas novas características modernas de conceitos líquidos, fluidos e leves que surgiram em oposição às ideologias fortes, pesadas e sólidas.<br /><br />"O que todas essas características dos fluidos mostram, em linguagem simples, é que os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade. Os fluidos, por assim dizer, não fixam o espaço nem prendem o tempo."[6]<br /><br />Outra característica deste mundo líquido é o final da crença de que podemos alcançar um Estado de perfeição no futuro, que, pensando assim, "excluem-se" os valores sociais enquanto mantêm-se os individuais, com o seguinte pensamento: "Já que um mundo próspero não é possível então para quê gastarmos nosso tempo com isso?" [7].<br /><br />Mas não podemos compreender a liquidez de Bauman simplesmente relacionada ao vazio ou ao randômico, mas sim associada à leveza de Ítalo Calvino, nas Seis propostas para o próximo milênio, em que esta seria ligada à determinação e à precisão e neste enfrentamento de forças a liquidez deixa e leva marcas nesse fluir.<br /><br />Neste sentido a liquidez é um sólido e o próprio autor afirma que a modernidade tem por característica o derretimento dos sólidos desde o seu princípio, mas como preparação para outros e novos sólidos. Podemos conferir que essa liquidez não está próxima do aleatório, mas sim do determinado e assim à leveza; aproximação que Bauman mesmo fez:<br /><br />“Há líquidos que, centímetro cúbico por centímetro cúbico, são mais pesados que muitos sólidos, mas ainda assim tendemos a vê-los como mais leves; menos “pesados” que qualquer sólido”.[8]<br /><br />Para iluminarmos mais ainda estas passagens evoco Valery que, aliás, aparece em outra citação já no início do livro: “É preciso ser leve como o pássaro, e não como a pluma” [9]. Em que expressa mais uma vez com clareza o exemplo da determinação precisa.<br /><br />Voltando à questão do amor líquido que, neste livro, é estudado por Bauman nas suas várias possibilidades, como sendo: amor ao próximo, ao cônjuge ou nós mesmos. Na era globalizada, que a velocidade, seja de informações ou contato, é de extrema importância, tudo passa a ser encarado como mercadoria [10] e, o amor, como conceito, passa então a sofrer algumas modificações.<br /><br />O homem criou ou se identificou em tribos, grupos, cidades, estados e etc., ou seja, necessita de relacionar-se, mas os relacionamentos modernos, segundo Bauman, são um dos valores mais ambivalentes; "pedimos" um relacionamento, mas ao mesmo tempo ansiamos para que seja leve.<br /><br />Pelo ritmo veloz e influência da mídia não usamos frequentemente a palavra relacionamento, que soa excessivamente pesada, mas sim "conectar-se" expressão identificada com o mundo virtual onde outro modelo ilustra o mundo líquido: as redes. Sejam elas sociais ou de relacionamentos, como os conhecidos Orkut e MSN, pessoas se conectam umas às outras e conservam as suas redes, em que as conexões entre pessoas são feitas por escolhas tanto para conectar-se ou desconectar-se, tudo isso num ambiente de movimentos em que o compromisso pode fechar portas para novas conexões ou experiências. Observe o crescente número de pessoas que se proclamam de "relacionamento aberto" ou os "casais semi-separados", tudo isso para não diminuírem suas "possibilidades românticas" e também quando qualquer conexão começa a dar problema ou, às vezes, muito antes disso, a reação é, ao invés de se pensar em resolver o problema, tem-se a "vantagem" de desconectar, excluir, deletar ou simplesmente bloquear para outro momento oportuno ou um “nunca mais" que seja.<br /><br />Além da velocidade e a noção de mercadoria, que juntas, tornam lícita e até mesmo justificam posições como o relacionamento aberto, em que, como numa aplicação na bolsa de valores, não titubeamos em vender uma ação quando ela está em baixa, da mesma forma, não hesitamos, segundo Bauman, de fazer o mesmo quando aparece uma nova possibilidade de "conexão" aparentemente mais lucrativa que a nossa atual. Este livro de Bauman não é uma coleção de formulas de sucesso para o amor (isso é coisa para os livros de auto-ajuda!) nem de como conservá-lo, mas ele traça um panorama definido sobre o momento único que vivemos, em que nunca houve tanta liberdade e facilidade na escolha de nossos parceiros - no sentindo de ser possível a possibilidade -, no entanto, isso nos remonta a um cenário dramático de incertezas, pois não sabemos se queremos ou não sair dessa situação [11], que é o que faz o autor não ter um prognóstico definitivo sobre o nosso rumo. Isso revela o que, Gioconda Bordon, disse, certa vez sobre o livro [12]:<br /><br />"A sociedade neoliberal, pós-moderna, líquida, para usar o adjetivo escolhido pelo autor, e perfeitamente ajustado para definir a atualidade, teme o que em qualquer período da trajetória humana sempre foi vivido como uma ameaça: o desejo e o amor por outra pessoa."<br /><br />Não estou generalizando ou tendo uma visão pessimista do amor, que como disse no início, e ainda continuo com essa posição, é de uma instância superior, mas uma observação muito atenta deste livro e mesmo do pensamento de Bauman, é necessária, pois o estágio atual do mundo e do amor moderno seja como negação, percepção e adesão, nos afeta.<br /><br />Bom pensamento e bom ócio!<br /><br /><span style="font-style: italic;">* é graduando em Letras na Universidade de São Paulo.</span><br />______________________<br />[1]. Karl Marx. A Ideologia Alemã. Boitempo, São Paulo, 2007.<br />[2]. Termo muito usado por pensadores como Jean-François Lyotard que, entre outras diz, que a era das grandes narrativas, os mitos e os grandes esquemas ou escolas de pensamento haviam chegado ao fim.<br />[3]. Esse é o héroi do livro de Roberto Musil, O Homem Sem Qualidades, que Bauman retoma.<br />[4]. Karl Marx. O Manifesto do Partido Comunista. L&PM, São Paulo, 2001. Esta frase também é o título de um bom livro de Marshal Berman que também estuda a modernidade.<br />[5]. Engels escreveu, por exemplo, A Origem da Família.<br />[6]. Zygmunt Bauman. Modernidade Líquida. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2001. Pág. 8.<br />[7]. Antonio Candido, num belo especial dedicado aos seus 90 anos, ano passado, abordou o assunto alertando para o perigo que marca o final dessas grandes ideologias, marca da nossa época, em que pode ser iminente que surja um discurso ufano ou mesmo "religioso-além-mundano”, com bastante força.<br />[8]. Modernidade Líquida. pág. 8.<br />[9]. Ítalo Calvino. Leveza. In Seis propostas para o próximo milênio. Companhia das Letras, São Paulo, 1990.<br />[10]. Karl Marx, no primeiro capítulo d’O Capital, já nos alertava para a característica burguesa de considerar tudo como uma mercadoria.<br />[11]. E talvez essa condição ideal nunca possa ser possível, pois Bauman diz adiante que "Todo amor é antropofágico” assim pode ser considerado como sendo um relacionamento por excelência "pesado" por mais que aspire à leveza.<br />[12]. Jornal Gazeta Mercantil, Caderno Fim de Semana, em 31 de julho de 2004 </div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-85137532809898811752009-08-17T14:43:00.013-03:002009-08-31T16:57:06.265-03:00Artigo - O dólar<div align="justify"><br /><span style="font-weight: bold;">O papel do dólar como moeda de reserva internacional</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">Por Mariana Moura*</span><br /><br /><div style="text-align: right;"><span style="font-size:85%;"><em>A crise é a mãe das possibilidades</em></span><br /></div><br />A uma semana do encontro dos 20 países mais ricos do mundo – o chamado G-20 - o presidente do Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, defendeu a reforma do sistema monetário internacional e propôs a substituição da moeda utilizada atualmente nas operações financeiras internacionais por uma que esteja “desconectada de interesses de um único país”.<br /><br />A principal moeda utilizada em tais operações hoje é o dólar, moeda corrente dos Estados Unidos da América, e sua substituição é defendida também pelo Brasil, Índia e Rússia. Os Bric (termo cunhado pelo economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O’Neill, em 2001 e que se refere aos quatro países que estão sustentando o mundo durante a crise), possuem reservas internacionais no valor de US$ 2,8 trilhões, segundo dados da Bloomberg.<br /><br />Só a China tem US$ 1,97 trilhão em reservas, uma boa parte em títulos dos EUA. Em setembro do ano passado, a nação superou o Japão como o maior credor dos Estados Unidos, e em dezembro detinha US$ 727,4 bilhões em bônus do Tesouro – em dólar. Mas, a moeda dos Estados Unidos só tem perdido valor em relação às moedas dos países que detêm as reservas. Em um mês, o de abril, o real se valorizou 11,2%, o rublo, 6,9%, e a rúpia, 6,4%, em relação ao dólar.<br /><br />E, ainda, não só o uso prioritário do dólar como moeda de reserva está dando prejuízo para estes países, como sustenta uma relação de dominação que já não é mais tão aceita.<br /><br />“O privilégio de fornecer a divisa de reserva do mundo, o dinheiro que os países utilizam para efetuar negócios para além das suas fronteiras, é uma fonte de poder para o país que a controla mais valiosa do que a mais poderosa força militar. Uma vez que virtualmente todo dinheiro é criado ‘a partir do ar’ por meio de entradas em contabilidades bancárias, o país que fornece a divisa de reserva do mundo tem o poder de criar dinheiro suficiente para comprar o mundo”, afirmou o historiador Steven Lesh, em recente artigo (O 'soft power' dos EUA e os bancos).<br /><br />A alternativa apresentada pela china é ampliar o uso dos Direitos Especiais de Saque (DES) emitidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Criados em 1969 por proposta do presidente francês Charles De Gaulle, os DES são aceitos hoje apenas para pagamentos entre governos e instituições internacionais. A proposta é que sejam usados também em operações de comércio e financeiras, como a precificação de produtos comercializados internacionalmente (commodities), investimentos e balanços contábeis.<br /><br />O problema é que o valor dos DES é controlado pelos poucos países que mandavam no Fundo. Seu preço é definido pelo euro, o yen, a libra esterlina e (novamente e fundamentalmente) pelo dólar. Mantém a dependência.<br /><br />O presidente do Banco Central chinês afirma, com propriedade, que, “teoricamente, uma moeda de reserva internacional deveria ser desconectada das condições econômicas e de interesses soberanos de um único país”. De um único país não pode, mas de apenas quatro sim?<br /><br /><em>* Graduanda do 6º semestre do Curso de Relações Internacionais Belas Artes</em> </div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-83671283016809290602009-08-17T14:41:00.004-03:002009-08-31T16:45:11.458-03:00Resenha - A Revolução Venezuelana<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIKcy0ZM8aIPGeBWc0WcmC_S-njlPLxhEgwaPtlV19q9bqJGSBKn0oUxDaGt-ziHUggdwsN3r1ChFBs-a-nL6ZX-cM4pE-qxczlcwy9_41wDP-QBCjk336teC-y96pPCGHGvU3N5atVfrR/s1600-h/Resenha+-+Gilberto+Maringoni+A+Revolu%C3%A7%C3%A3o+Venezuelana+-+Igor+Fuser.gif"><img style="margin: 0px 0px 10px 10px; width: 176px; float: right; height: 300px;" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5375907932782107282" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIKcy0ZM8aIPGeBWc0WcmC_S-njlPLxhEgwaPtlV19q9bqJGSBKn0oUxDaGt-ziHUggdwsN3r1ChFBs-a-nL6ZX-cM4pE-qxczlcwy9_41wDP-QBCjk336teC-y96pPCGHGvU3N5atVfrR/s320/Resenha+-+Gilberto+Maringoni+A+Revolu%C3%A7%C3%A3o+Venezuelana+-+Igor+Fuser.gif" border="0" /></a><br /><span style="font-weight: bold;">Um retrato honesto da Venezuela</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">Igor Fuser *</span><br /><br />Na lista dos demônios da mídia empresarial, o posto número 1 pertence, disparado, a Hugo Chávez, com sua boina vermelha e língua ferina. Raramente se passa um dia sem que alguma publicação da chamada "grande imprensa" despeje regulares doses de veneno contra o presidente venezuelano, apresentado como louco, fanfarrão, ditador ou incompetente. Essa cantilena se mantém há mais dez anos. Para ser exato, desde o início de 1999, quando o antigo coronel iniciou, após sua chegada ao governo, a transformação de um dos países de estrutura social mais iníqua no planeta – mais de 50% dos habitantes na miséria, em contraste com os lucros nababescos das exportações de petróleo – em uma referência mundial para todos os que cultivam os valores da justiça e da igualdade.<br /><br />O livro de Gilberto Maringoni (A Revolução Venezuelana, Editora Unesp, 2009) merece ser saudado com um antídoto perfeito contra a manipulação informativa que, na imprensa brasileira, atingiu as raias de uma lavagem cerebral. Jornalista e historiador, Maringoni fala de um tema que conhece em primeira mão. Viajou várias vezes à Venezuela e lá entrevistou quase todos os nomes que valiam a pena no tumultuado enredo político local – dos caciques da oposição conservadora, como Teodoro Petkoff, às figuras mais graduadas do regime esquerdista, entre as quais o próprio Chávez, além das mais variadas fontes na esfera acadêmica.<br /><br />Com dados confiáveis em mãos, o autor desvenda o enigma oculto sob a campanha midiática anti-chavista: como é possível que um caudilho supostamente tão desastrado mantenha altíssimos índices de apoio popular durante tanto tempo? É errado reduzir, como insistem os detratores da experiência venezuelana, o prestígio de Chávez à bonança petroleira da última década. A Venezuela já viveu outros períodos de alta dos preços do petróleo, sem que a população tivesse tido acesso a mais do que umas magras migalhas do banquete. A marca da gestão chavista é algo que as primeiras gestões municipais petistas defendiam no Brasil e que, lamentavelmente, diluiu-se no lodaçal dos compromissos com as classes dominantes: a inversão das prioridades em favor das multidões oprimidas, ainda que ao preço do confronto aberto contra as elites privilegiadas.<br /><br />Na Venezuela, os gastos sociais aumentaram de 8,2% do PIB, em 1998, para 13,6% em 2006. Os índices de pobreza caíram de 55,1% para 27,5%. O salário mínimo se elevou numa escala sem precedentes em qualquer outro país do chamado Terceiro Mundo e milhões de venezuelanos passaram a ter acesso a uma infinidade de benesses antes inalcançáveis – desde serviços essenciais, como assistência médica e dentária, aos ícones do consumo descartável, como telefones celulares. Nesse cenário em que a mudança passa do plano da retórica para a existência cotidiana, torna-se fácil entender porque Chávez foi vitorioso em todas as freqüentes consultas eleitorais que promoveu, com apenas uma exceção.<br /><br />O grande mérito de Maringoni é que ele não se limita a salientar as conquistas do processo político venezuelano, mas também aponta, sem medo de entrar em polêmica com os defensores mais entusiastas do chavismo, os limites do festejado "socialismo do século XXI". Concretamente: após dez anos de "revolução bolivariana", o velho modelo de desenvolvimento dependente latino-americano, erigido com base na exportação de produtos primários (no caso, o petróleo), permanece inalterado. Os ganhos desse modelo, é verdade, passaram a beneficiar, pela primeira vez, a maioria da população, sobretudo depois que Chávez retirou a estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA) das mãos da camarilha que a controlava, enquadrando a empresa sob o controle público. Mas o caminho ainda está no seu início: "O Estado continua ineficiente, lerdo, corrupto e avesso às interferências populares", escreve o autor.<br /><br />Mesmo que seja prematuro falar em uma verdadeira revolução na Venezuela, é inegável que o governo de Chávez mudou a face política daquela sociedade e, em certa medida, de toda a América do Sul. A influência venezuelana se faz presente em todo um conjunto de países onde, pela primeira vez, o poder de Estado passa a ser exercido em benefício das maiorias. Como afirma Maringoni, referindo-se à época de ofensiva conservadora mundial pós-1989: "A Venezuela é, com todos os problemas, o país onde mais se avançou, nesse período, na contestação ao neoliberalismo e no questionamento do poder global dos Estados Unidos." Aí reside a explicação para o ódio que Chávez desperta entre os donos da mídia brasileira e internacional. Ele é, de fato, um sapo difícil de engolir.<br /><br /><span style="font-style: italic;">* é jornalista, professor na Faculdade Cásper Líbero, mestre em Relações Internacionais, doutorando em Ciência Política na Universidade de São Paulo e membro do Conselho Editorial do Brasil de Fato, e ex-professor do curso de Relações Internacionais Belas Artes. </span></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-77178451643001138692009-08-17T14:40:00.011-03:002009-08-31T16:43:42.074-03:00Imagem do Mês - Operação Pandemia<br />O pequeno documentário busca os interesses e os dados reais - para além do que é divulgado pela mídia - sobre a gripe causada pelo vírus Influenza A. vale a pena assistir:<br /><br /><object height="340" width="560"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/CcgCBiyGljM&hl=pt-br&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/CcgCBiyGljM&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="560" height="340"></embed></object>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-31143515554960210592009-05-01T23:44:00.007-03:002009-05-02T00:33:18.840-03:00Nota da redação<strong><br><em>(Não leia antes de ver o artigo “FEBEABA do Marconini” e os comentários a seu respeito)</em></strong><br /><br />Quando da publicação desta edição de <strong>O Diplomático</strong>, não imaginava eu que haveria tantas reações enérgicas ao artigo “FEBEABA do Marconini”. Pensei em postar simplesmente um comentário sobre a discussão, mas algumas colocações feitas dizem respeito não só à minha opinião mas também à minha atuação enquanto editor responsável por este espaço.<br /><br />É difícil saber por onde começar, mas vamos lá. Explicarei como funciona o blog, em primeiro lugar, para evitar confusões:<br /><br /><strong>O Diplomático </strong>é, como diz em seu cabeçalho, “uma publicação coletiva e democrática”. E há lá também a seguinte inscrição: “Blog dos alunos de Relações Internacionais do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo”. Pois bem, o que isso significa? Significa que todos os alunos de RI da BA podem participar da publicação (enviando textos, participando das reuniões do Conselho Editorial etc.). Se o fazem ou não, é uma outra questão.<br /><br />Aliás, acabo de me lembrar que existe um Projeto Editorial que orienta <strong>O Diplomático</strong>. Quem quiser saber mais pode solicitar uma cópia dele a qualquer um dos membros da gestão Nova Ordem Acadêmica. Este espaço é sério e o respeito a ele é uma exigência da qual não abro mão.<br /><br />Como bem colocou Paulo Meirelles em seu comentário, os artigos assinados refletem a opinião do autor, e não necessariamente a opinião da BA ou do CA. O Marcio, como aluno, tem o direito de escrever o que quiser desde que isso não vá de encontro à nossa linha editorial, que preza pela tolerância e pelo respeito. Não encontro no texto em foco qualquer trecho que possa ser qualificado como desrespeitoso, vejo-o antes como um artigo crítico que se contrapõe a uma opinião divergente, ambas com razão de existir. E, como todo artigo, expressa a “opinião pessoal” de alguém, com o perdão da redundância.<br /><br /> Tudo isso para demonstrar que o artigo do Marcio foi publicado no lugar correto, ao contrário do que aventa o aluno Lucas Fazioli Fedele. Se foi um devaneio ou se foi expresso de forma inadequada, é outro debate, do qual tratarei mais abaixo, quando chegarmos ao mito da imparcialidade. O tempo em que havia censura em grande medida já se foi, embora alguns pareçam sentir saudades. O texto não será excluído e nenhum tipo de ingerência aqui será aceito, ao menos enquanto eu for o editor.<br /><br />Se apenas foi publicada a opinião do Marcio sobre tal palestra, isso se deve ao fato de ele ter sido o único aluno a escrever e enviar um texto. Aproveito para deixar registrado que o outro artigo que seria publicado (geralmente são ao menos dois) não o foi porque quem havia ficado responsável por ele não o enviou. De quem estou falando? De um tal Filipe Matheus, por acaso o mesmo que agora aparece para comentar a postagem afirmando ser o Marconini uma personalidade “inquestionável”. Inquestionáveis não são nem mesmo os deuses, pois podemos questionar a existência ou não deles. Imagine um ser humano... Ora, por favor.<br /><br />Mas a porta continua aberta, pois, ao contrário do que insinua o outro Lucas, o Parreira Lorini, não só publicamos o seu comentário inteiro neste espaço como também publicaríamos um artigo dele caso tivesse se dado ao trabalho de escrever um – interferimos apenas para fazer ajustes gramaticais e ortográficos e, como você parece escrever razoavelmente bem, não haveria tanto o que mexer. O seu questionamento sobre o espírito democrático dos que participam deste blog, no entanto, é inaceitável e demonstra total distanciamento seu em relação aos membros do CA. Como disse Voltaire (aproveitando que as citações estão em alta no fórum), “não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo”.<br /><br />Enfim, sobre o papel do CA e do blog, tenho a dizer que não é nosso dever central divulgar uma boa imagem do curso, mas estimular a capacidade crítica e reflexiva de cada estudante, buscando elevar seu grau de consciência e conhecimento. Feito isso, uma boa imagem dos alunos e do curso é conseqüência. O caminho para isso não é sendo condescendente (ou, para ficar claro, “puxando o saco”) de poderosos em geral nem tampouco assumindo o papel de agência de publicidade da instituição, até porque ela já deve ter uma contratada. É preciso ir além.<br /><br />Aviso: quem discorda da atual gestão pode se organizar e formar uma chapa para concorrer ao CA no fim do ano, mas não vale querer deslegitimar uma representação que, é importante lembrar, foi eleita com o apoio de cerca de 85% do corpo discente. Outro aviso: isso dá trabalho. Corre-se o risco de noites mal dormidas para levar ao ar uma publicação que depois, em minutos, pode ser achincalhada sem o menor rigor ou respeito. Ainda sim, acredito que valha a pena.<br /><br />Colocado tudo isso, tratarei de outro ponto. Não assisti à palestra, mas como todos os “revoltados” espernearam sem negar que as falas preconceituosas do Marconini reproduzidas pelo Marcio são verdadeiras, me pautarei nisso para levantar alguns questionamentos. Além do que o companheiro Marcio possui uma excelente reputação, tem credibilidade no curso e é uma pessoa que goza da minha absoluta confiança. (E talvez ele veja um pouco além, Lucas, por estar no sétimo semestre... creio não ser à toa que ele ocupa a presidência do CA).<br /><br />Infelizmente, não vou conseguir abordar tudo com o rigor e a minúcia que gostaria. De qualquer forma, pensemos.<br /><br />Vi a existência de comentários absolutamente contraditórios. O primeiro Lucas diz que debater um artigo vai contra o seu bom-senso. Política não é futebol nem religião, meu caro, é algo racional que pode e deve ser debatido. Ele afirma que o Marcio disse asneiras e que sua visão é “obtusa”. O que pode ser mais obtuso e pobre do que dividir as opiniões políticas em certas ou erradas? Pois é isso que ele faz ao dizer ter sido “comunista convicto, até o dia em que me provaram estar errado”. Coitado.<br /><br /><strong>O Diplomático </strong>não é imparcial. Causa choque a alguém essa afirmação? Pois não deveria causar a um universitário. Não existe imparcialidade nos veículos de comunicação, e os que dizem exercê-la nada mais estão fazendo do que vender a sua visão como se fosse a única possível ou verdadeira. Em jornalismo sério, fala-se de responsabilidade em relação às informações veiculadas e em honestidade de assumir seu ponto de vista de modo transparente. A atual gestão é composta majoritariamente de alunos de esquerda, e creio que isso não seja surpresa para ninguém, mas não é só. E não há sequer um extremista, tenham certeza.<br /><br />Ao contrário do que disse o Lucas Parreira Lorini, a crise atual pode não ser conjuntural, mas estrutural. E será preciso escolher um modelo a seguir, que pode ser o da FIESP, de dar sobrevida a um sistema que explora muitos para assegurar o sossego de uns poucos. Projeto este que, como demonstrou a Operação Castelo de Areia da Polícia Federal, envolve muita corrupção, para manter longe do poder políticos que ousem desafiar o tal do status quo, ou seja, a ordem.<br /><br />Outro projeto possível é o levado a cabo por tantos outros governos da América Latina, que têm como prioridade o povo (ausente da definição de Brasil de umdos Lucas). Venezuela e Bolívia têm analfabetismo hoje em torno de zero (segundo dados da ONU, antes que questionem). E a solução de outros problemas sociais avança. O povo passou a desempenhar algum papel, o Estado está se democratizando (muito embora a “grande mídia”, por estar a serviço de “grandes interesses”, tente demonstrar o contrário, criando um senso comum raso e falso, não permitido a alunos de RI que pretendam em algum momento da vida reivindicar a carreira de intelectual).<br /><br />De fato, enquanto estudantes considerarem uma palestra em que um indivíduo diz que é preciso dar “uma cacetada” em outro povo a melhor de um evento o país não irá muito longe mesmo. (E, conhecendo o professor Sidney, sei que a atividade com Marconini foi a exceção, jamais a regra, da Semana Diplomática.)<br /><br />Para mim, fica a pergunta: e se o Marcio tivesse chamado de “elefante bêbado” o Marconini? Por muito menos, Marcio foi acusado de uma série de coisas, inclusive de ser “arrogante”, justamente por alguém que em seu comentário desrespeitou outrem – no caso, Lucas Fedele foi arrogante com Marcelo, segundo a acepção que ele mesmo encontrou no dicionário para a palavra. Aliás, ele se diz contra cercear a expressão das opiniões, mas sugere a retirada do texto do Marcio do blog. Ah, e ele fala também em “nível intelectual”...<br /><br />Diz que vivemos em uma sociedade livre. Ande pela sua cidade e verá que essa liberdade não é a mesma para todos, aposto que muitos gostariam de fazer RI na BA, mas ou não podem pagar os “míseros” mil reais cobrados ou tiveram uma formação tão precária que sequer sabem o que significa “relações internacionais”. É isso a liberdade para você? Pois, para mim, não é.<br /><br />Corro o risco de ser acusado de ser panfletário mesmo sem citar Marx (e esse é um critério absurdo), mas não me importo. O Filipe diz lamentar o artigo do Marcio. Pois eu lamento o fato de haver entre nós aqueles que agem como o escravo que, para agradar ao seu senhor, matava outro escravo. É preciso levantarmos a cabeça e identificarmos os problemas que acometem este país, e isso não se dará com estudantes brigando entre si, ainda mais com um grupo defendendo aqueles que são responsáveis em certa medida pelo estado em que se encontra o Brasil.<br /><br /><em>Max Gimenes</em><br /><br />PS: Se por “sequazes” do Marcio entende-se “os comunistas”, ou alguma variação disso, sinto-me pessoalmente ofendido. Chamar de “gente estragada” aqueles que lutam por um outro mundo possível e necessário, com justiça social e onde todo ser humano possa ser verdadeiramente livre, é um disparate. Ninguém precisa concordar com o texto acima, aliás é saudável que não o façam sem antes refletir criticamente, mas tenham a certeza de que ele foi escrito com responsabilidade e honestidade. E, obedecendo a regra da transparência, declaro: eis aqui um comunista, que não esconde as suas convicções atrás da máscara de uma suposta "isenção" nem distorce a realidade para melhor atendê-las.Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-48450559565348897492009-04-25T01:03:00.011-03:002009-05-01T17:58:24.169-03:00Editorial<br>E eis que <strong>O Diplomático </strong>chega a sua quarta edição. E com novidades! A primeira é que este talvez seja o último número da publicação editado por mim, Max Gimenes, como o foram todos os anteriores. Para quem não sabe, estou com a matrícula trancada na Belas Artes pelo fato de, desde o início do ano, estar cursando Ciências Sociais na USP. É claro que eu fiz e continuo fazendo questão de colaborar com o CA, mas é razoável que este blog seja editado por alguém que esteja efetivamente matriculado no curso.<br /><br />E esse alguém já existe, é a competentíssima Mariana Nunes de Moura Souza, aluna do sétimo semestre e que por acaso também atua profissionalmente na área de comunicação. Enfim, a partir de agora a Secretária de Comunicação do Centro Acadêmico de Relações Internacionais Benário Prestes é ela! Com isso, Mariana passa a ocupar também uma das sete vagas do Conselho Editorial de <strong>O Diplomático</strong>, assim como Aline Ossani, estudante do terceiro semestre, que se tornou Secretária de Movimentos Sociais no lugar do Yuri, que há algum tempo abandonou a gestão Nova Ordem Acadêmica.<br /><br />A segunda novidade é que, para que esse período de transição ocorra sem maiores problemas, <strong>O Diplomático </strong>tornou-se uma publicação bimestral. A próxima edição, de maio/junho, será já provavelmente editada pela Mariana, mulher que pode certamente levar este blog em frente com qualidade literária e espírito crítico.<br /><br />A seção <strong>Bate-papo Internacionalista </strong>abaixo traz um trecho de uma entrevista com a filósofa Marilena Chaui, gentilmente liberado pela revista <strong>CULT</strong> para nossa publicação. O único artigo desta edição, casado com a seção <strong>Imagem do Mês</strong>, foi escrito pelo presidente do CA, Marcio Moraes do Nascimento, e versa sobre a opinião deste acerca da participação de Mario Marconini na Semana Diplomática, que ocorreu de 13 a 17 de abril na BA.<br /><br />A parte final desta edição, <strong>Resenhas</strong>, também tem novidades: a opinião sobre dois livros foram trazidas. Aline Ossani, aluna do terceiro semestre, escreveu sobre <em>O menino do pijama listrado</em>, de John Boyne (Cia. da Letras, 2007), obra que aborda o nazismo e o marcante período da II Guerra Mundial. E eu escrevi sobre <em>O Massacre</em>, de Eric Nepomuceno (Planeta, 2007), ótima referência para quem busca entender os conflitos em torno da questão da terra no Brasil e o porquê do chamado “Abril Vermelho” promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).<br /><br />Enfim, a última enquete perguntou aos visitantes do blog quem eles gostariam de ver dando uma Aula Magna. 39% escolheram “Paul Singer”, que foi seguido de perto por “Ceso Lafer”, apoiado por 31%, enquanto apenas 7% manifestaram-se a favor de “Cristovam Buarque” (nome aqui grafado corretamente, em vez de “Cristóvão”, como havia saído na edição anterior). Entre as outras opções, que admitiam a escolha de mais de um nome, 17% escolheram “Celso Lafer ou Paul Singer, mas não Cristovam Buarque” e 9%, “Cristovam Buarque ou Paul Singer, mas não Celso Lafer”. 1% foi indiferente, e as alternativas “Celso Lafer ou Cristovam Buarque, mas não Paul Singer” e “Nenhum” tiveram ambas 0% dos votos. Desta vez <strong>O Diplomático </strong>quer saber a sua opinião sobre o caso Cesare Battisti. Participe!<br /><br />E tenham todos uma boa leitura!<br /><br /><em>O Editor</em>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-47519716197885703482009-04-25T01:01:00.004-03:002009-04-26T10:57:59.508-03:00Agenda Diplomática<br>Este é o espaço dedicado às atividades do mês a que todos nós devemos estar atentos. Aproveitando o potencial de interação que um blog oferece, a Agenda Diplomática será um espaço sempre em construção, que cada um poderá completar por meio de comentários e/ou e-mails. Fiquem à vontade!<br /><br /><strong>-> Encontro Nacional dos Estudantes de Relações Internacionais (ENERI)<br />De 30/4 a 3/5 na ESPM<br /><br />-> III Encontro de Mulheres Estudantes <br />De 1º a 3 de maio em MG</strong><br /><br />Qualquer dúvida, deixe um comentário!Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-72377532398349230312009-04-25T00:53:00.008-03:002009-05-02T00:31:45.687-03:00Bate-papo Internacionalista<strong><em>Entrevista a Juvenal Savian Filho e Eduardo Socha, para a revista</em> CULT</strong><br /> <br />Refrear, neste caso, uma declaração talvez mais entusiasmada seria um gesto insensato: Marilena Chaui é, sob vários aspectos, uma das personalidades mais admiráveis do país. Pois não basta dizer que sua trajetória como educadora se confunde com a própria difusão da filosofia universitária no Brasil. Essa constatação, evidente quando se observa a formação de nossos departamentos de filosofia, deriva de apenas uma das linhas de atuação da pensadora. Sua ativa participação nas discussões sobre os rumos da educação brasileira atestam a continuidade do engajamento, que vai além dos muros universitários da FFLCH-USP, onde leciona há 40 anos. Comprovando que também é possível romper com a elitização do ensino de filosofia sem abandonar o rigor que caracteriza a verdadeira atitude filosófica, seu livro <em>Convite à filosofia </em>tornou-se uma introdução surpreendente ao filosofar e referência praticamente obrigatória para o ensino médio. <br /> <br />Em razão de sua militância no campo político-partidário - outra linha de atuação -, seu nome hoje integra o panteão dos intelectuais que forneceram as coordenadas teóricas para a consolidação da democracia em nossa história política recente. Membro fundador do PT, teve experiência no Poder Executivo como secretária de Cultura de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina; experiência esta que, segundo a própria filósofa, requisitava um jogo de cintura incompatível com o princípio de autonomia da atividade intelectual, esta sim sua vocação declarada. Distante do Executivo, não deixou porém de atuar como conselheira e porta-voz dos ideais emancipatórios e democráticos dos diversos movimentos de esquerda.<br /> <br />Como se não bastasse, sua pesquisa acadêmica, voltada à filosofia de Espinosa e de Merleau-Ponty, marcada pela interpretação austera dos textos, pelo respeito filológico ao "espírito de letra" dos pensadores, conquistou o reconhecimento nacional e internacional. Distinções como a Ordre des Palmes Académiques, conferida pela Presidência da República francesa (1992), e os dois títulos de doutorado honoris causa, um pela Universidade de Paris 8 (2003), outro pela Universidade de Córdoba (2004), são exemplos que por si testemunham o alcance notável de sua produção.<br /> <br />Sim, claro, existem os críticos de seu trabalho. Mas, infelizmente, poucos merecem ser ouvidos ou lidos. Dizemos infelizmente, porque o primitivismo e a esterilidade de grande parte dessa crítica confirmam a precariedade intelectual de nossos debates, de nosso atual estado de coisas. A tais críticas, que tão logo expoem suas fissuras de raciocínio, caberia apenas o riso da indulgência não fosse o espaço midiático que ocupam, não fosse a agressividade de suas manifestações, o preconceito, o ressentimento e o desvirtuamento rasteiro; as atitudes lamentáveis que afinal determinam o modus operandi de uma parcela da direita brasileira.<br /> <br />Na entrega do honoris causa pela Universidade de Paris, disseram: "Para alguns, a filosofia é uma carreira universitária. Para outros, mais raros, ela é um combate. Era, certamente, o caso de Espinosa. E é também, sem dúvida, o de Marilena Chaui". Talvez isso explique a resistência e a polivalência da pensadora em um país com tantas adversidades. Talvez isso justifique também o espírito enérgico pelo qual manifesta suas convicções na educação, na política, em sua pesquisa acadêmica. Mas o segredo maior parece ser o apreço pelo tempo necessário à reflexão. Na mesma cerimônia, Claude Lefort lembrou que a eloquência e a rapidez de sua inteligência não ocultam paradoxalmente o traço que melhor caracteriza a filósofa: a paciência do pensamento.<br /> <br />Marilena prepara atualmente o segundo volume de <em>A nervura do real</em>, continuação de sua obra sobre política em Espinosa. Nesta entrevista, concedida à CULT, a filósofa fala sobre a atual crise financeira, a popularidade do governo Lula, a inclusão da filosofia no ensino médio e também sobre sua trajetória de vida.<br /> <br /><strong>CULT - Diante da crise, a senhora acredita que estamos vivendo um momento histórico privilegiado para a reorganização da esquerda, para a reavaliação de seu conteúdo programático, para novas formas de mobilização popular? Ou a oportunidade será absorvida pelo redemoinho ideológico do liberalismo, agora em versão "light", de caráter mais keynesiano?</strong><br /> <br />Marilena Chaui - Penso que as duas possibilidades estão dadas. Considero este um momento privilegiado, pois o fim do neoliberalismo (e não do capitalismo, claro!) abre um campo de reflexões novas para a esquerda e, uma vez que as atenções da economia e das políticas governamentais se voltam novamente para a esfera da produção e do trabalho (aquilo que significativamente os economistas agora chamam de "economia real"), também se abre um campo para práticas de classe por parte dos trabalhadores, assim como se torna possível o reaparecimento de movimentos sociais dirigidos aos direitos econômicos, sociais e políticos. <br /> <br />Pois está colocada em questão a operação própria do neoliberalismo, qual seja, a de dirigir todos os recursos públicos para os interesses do capital, levando à privatização dos direitos sociais, ao transformá-los em serviços privados a serem adquiridos no mercado. O pensamento e a práxis se abrem porque a percepção da irracionalidade do mercado desmantela a crença em sua suposta racionalidade autônoma, crença que durante 30 anos assegurou a hegemonia ideológica do chamado "pensamento único". <br /> <br />Ou seja, quando se fala em "economia real" para se referir à esfera da produção, o que se anuncia é a retomada da discussão do núcleo do modo de produção capitalista, isto é, o valor produzido pelo trabalho, e havia sido justamente isso que o monetarismo neoliberal julgara ter liquidado para sempre ao supor que poderia tratar o capital como moeda e não como resultado do processo de trabalho. <br /> <br />Sem dúvida, a abertura do tempo histórico será um processo longo e difícil e por isso mesmo, a curto prazo, irá prevalecer a tentativa de um neoliberalismo moderado, temperado com idéias keynesianas. Porém, o simples fato de vermos os governos e partidos de direita propondo medidas de cunho social-democrata já indica os limites da tentativa de manter o capital financeiro na direção da economia. Além disso, observa-se que as medidas econômicas e políticas colocam novamente na cena a figura do Estado nacional, que o "pensamento único" e a chamada globalização haviam decretado extinto. <br /> <br />Em outras palavras, não é tanto a figura do Estado nacional que importa aqui e sim o fato de que com ele reaparece a figura da sociedade civil, na qual se dá a luta de classes, que o neoliberalismo também considerava extinta. Não se trata de um retorno à situação anterior ao neoliberalismo - essa é a crença da direita, ao tentar dar um jeito numa política neoliberal com pitadas social-democratas - e sim de algo novo que, como tal, suscitará um pensamento novo e uma práxis nova. Em suma, o neoliberalismo, dirigindo os fundos públicos exclusivamente para o capital, se caracterizou pelo encolhimento do espaço público republicano e democrático e pelo alargamento do espaço privado dos interesses de mercado; seu fim, portanto, pode significar a reabertura do espaço público e o encolhimento do espaço privado.<br /> <br /><strong>CULT - A senhora disse que o governo atual "não é o governo dos nossos sonhos, não é exatamente da esquerda", que não teria o perfil de esquerda. Considerando, portanto, essa ambiguidade ideológica que se reflete na própria agenda do governo, a senhora acredita que políticas assistencialistas, além do carisma e da identificação popular do presidente, são suficientes para explicar sua boa avaliação?</strong><br /> <br />MC - Sim e não. Sim, porque num país em que o corte de classe sempre definiu os governos, isto é, em que as políticas voltadas para os direitos sociais, políticos e culturais de todos os cidadãos nunca foram desenvolvidas ou, quando o foram, nunca foram prioritárias, em que as carências da maioria da sociedade sempre foram ignoradas em nome dos privilégios da minoria, as ações deste governo instituem práticas de inclusão sem precedentes na história do Brasil e, em grande parte, são responsáveis pela avaliação positiva do governo. <br /> <br />Não, porque a avaliação positiva do governo perpassa todas as classes sociais, indicando que há aprovação de outras ações governamentais, além daquelas voltadas para a transferência de renda e inclusão social; há aprovação da política externa, marcada pela independência, do PAC, da maneira como o Brasil sofrerá menos que outros os efeitos da crise financeira etc. <br />Penso também que é preciso dar um basta à tentativa de caracterizar o governo e o presidente da República como populistas. O populismo (tal como concebido pela sociologia brasileira, já que o conceito não é homogêneo para todas as sociedades) é a política da classe dominante para exercer o controle sobre as classes populares e/ou sobre a classe média tanto por meio de concessão de benefícios pontuais quanto por meio da figura do governante como salvador e protetor. <br /> <br />Ora, todos esses traços estão ausentes no governo Lula: o atual presidente da República não pertence à classe dominante, não concede benefícios pontuais e sim assegura a instituição de direitos com os quais se institui uma democracia, consequentemente, a figura do governante não tem a marca da transcendência, necessária à dimensão salvífica e protetora do dirigente não democrático. <br /> <br />Aliás, um dos pontos mais caros à mídia, que serve como ponta de lança nos ataques dirigidos ao presidente, é exatamente sua condição de classe: um operário sem diploma universitário, que não fala várias línguas, que comete gafes em situações de etiqueta e cerimonial etc. Ou seja, a mídia entra em contradição consigo mesma quando junta populismo e presidente operário sem diploma universitário. <br /> <br />(...)<br /> <br /><em>A íntegra da entrevista está disponível na edição de março da revista <a href="http://revistacult.uol.com.br/website/edicao/content.asp?edtCode=48BD31BE-2058-4145-A30B-D187665721B8"target="_blank"></em><strong>CULT</strong></a>.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-76543115060654853672009-04-25T00:52:00.003-03:002009-05-02T00:30:31.104-03:00Opinião Internacionalista + Imagem do Mês<br>Para ver o seu artigo publicado nesta seção, escreva para nós (<a href="mailto:novaordemacademica@gmail.com">novaordemacademica@gmail.com</a>). Como assunto da mensagem, coloque a palavra “<strong>Opinião</strong>”.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-11014252907855720502009-04-25T00:37:00.004-03:002009-04-25T00:51:27.502-03:00O FEBEABA (Festival de Besteiras que Assola a Belas Artes) do Marconini<em><strong>Por Marcio Moraes do Nascimento</strong></em><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIjb44uH174s4AnnHIFnjPL8JdUvFFqhRQosXniqrYA3ThuMLMVTxDmHjsYkRaRoUYO432Yp6c-ngC2X-d1l8o2hmTybcw1f9NhinnghT0L989aALin88PIst7PcCxPyKq7BKAkLaWavtG/s1600-h/la18.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIjb44uH174s4AnnHIFnjPL8JdUvFFqhRQosXniqrYA3ThuMLMVTxDmHjsYkRaRoUYO432Yp6c-ngC2X-d1l8o2hmTybcw1f9NhinnghT0L989aALin88PIst7PcCxPyKq7BKAkLaWavtG/s320/la18.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5328469081962313058" /></a><br />Na semana do dia 13 a 17 de abril, foi organizada pela Coordenação do Curso de Relações Internacionais da Belas Artes a Semana Diplomática. Dentre todos os convidados me chamou a atenção a Palestra do Sr. Mario Marconini, representante da Federação das Industrias do Estado de São Paulo (FIESP) e que tinha como tema de sua exposição “A Crise e as suas Repercussões no Comércio Internacional”.<br /><br />Infelizmente o palestrante se ateve de forma superficial ao tema, parecia não ter muito a dizer, e o pouco que disse a respeito não passou de um festival de obviedades, o que era de se esperar já que a atual crise põe em cheque muito dos interesses defendidos pelo palestrante e sua instituição.<br /><br />É claro que para superar suas deficiências o Sr. Marconini apelou para as típicas e esperadas piadas de cunho fartamente preconceituoso. Seu principal alvo foram os governantes da América Latina. Falou de Hugo Chávez, de Cristina Kirchner, de Evo Morales, não sobrou pedra sobre pedra. Do presidente brasileiro, falou: “Parece um elefante bêbado”. Eu, cá com meus botões, pensei: o que vem a ser um “elefante bêbado”, será que alguém já viu um?<br /><br />Outras pérolas do Sr. Marconini: “O Brasil deveria dar uma cacetada na Bolívia”; “ONGs de direitos humanos não podem protestar contra a OMC, virou moda”. Ouvindo esse Sr., lembrei-me do Stanislaw Ponte Preta e seu FEBEAPA (Festival de Besteiras que Assola o País). O palestrante transformou a noite em que participou da Semana Diplomática num FEBEABA (Festival de Besteiras que Assola a Belas Artes). <br /><br />De forma desafortunada, não pude questionar o palestrante em relação a suas afirmações preconceituosas e obtusas, pareceu-me que as perguntas eram pré-estabelecidas e ninguém pôde fazer um questionamento mais incisivo.<br /><br />Gostaria de dizer ao Sr. Mario Marconini que, mesmo representando um projeto de poder (o projeto de poder da FIESP, que se encontra explicitado nos relatórios da Operação Castelo de Areia da Polícia Federal) diametralmente oposto ao de diversos chefes de Estado da América Latina, isso não lhe dá o direito de desrespeitá-los de forma tão grosseira. <br /><br />Suas frases de efeito arrancaram gracejos da platéia, porém essas teriam sido mais propícias se ditas num boteco e não num ambiente acadêmico, numa palestra para um público que aprende a respeitar os valores da democracia e da diplomacia. Dizer que o Brasil deveria dar uma “cacetada” na Bolívia contradiz completamente a nossa bela tradição diplomática, reconhecida no mundo inteiro com uma das melhores escolas da área. <br /><br />Se me fosse permitido falar na ocasião, diria que as ONGs de direitos humanos exercem um papel importante já que os direitos humanos, sociais e trabalhistas são vilipendiados cotidianamente pelas transnacionais e pelo agronegócio, e que isso é um assunto que deve ser tratado em organismos como a OMC. Talvez ele relativizasse o que disse, me pareceu o tipo de pessoa que faz isso, daqueles que acreditam em “ditabrandas”.<br /><br />Queria saber do palestrante por que, ao se referir à Bolívia, insinuou que esse país não tinha povo. Qual o motivo? Talvez pelo fato de o presidente dessa nação ser índio e seu povo ser majoritariamente de origem indígena? Lembrei-me de duas coisas: primeiro, do Cônsul boliviano que esteve na Belas Artes na Semana Diplomática de 2007 que, com humildade e simpatia, nos explicou os problemas sociais do país, fruto de anos de espoliação do povo por parte de governantes descompromissados com o bem-estar da população. E, segundo, que a FIESP deve apoiar as instituições congêneres do departamento de Santa Cruz de la Sierra, que a todo momento proclama o golpe, numa demonstração de fascismo político e desrespeito à vontade popular.<br /><br />O Sr. Marconini considera o governo Lula de esquerda, e complementa: “Mesmo sendo de esquerda, eles não são protecionistas”. Primeiro, o Governo Lula não é de esquerda, no máximo é um governo de centro-esquerda, e olha que estou sendo bonzinho, pois na coalizão governista convivem partidos de centro-direita, sem contar o famigerado presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. E, segundo, queria saber de onde o palestrante tirou que a esquerda é protecionista, já li muita teoria de esquerda e nunca li uma coisa dessas. Ao contrário, a esquerda é internacionalista por essência, é só lembrarmos do velho Marx.<br /><br />A conclusão que tenho de tudo isso é que não cabe no nosso curso, tão bem coordenado por uma pessoa que é referência moral e intelectual a todos os alunos de Relações Internacionais da Belas Artes, esse tipo de palestra.<br /><br />Não sei se Mario Marconini sempre é assim ou se estava num dia ruim, talvez exasperado com as consequências da Operação Castelo de Areia. O que espero sinceramente é que o FEBEABA do Marconini nunca mais venha nos visitar.Unknownnoreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-75209199911178591622009-04-25T00:35:00.002-03:002009-04-25T00:37:29.324-03:00Resenhas<br>Para ver a sua resenha de filme e/ou livro publicada nesta seção, escreva para nós (<a href="mailto:novaordemacademica@gmail.com">novaordemacademica@gmail.com</a>). Como assunto da mensagem, coloque a palavra <strong>“Resenha”.</strong><br>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-624405816296627216.post-47689821371110713262009-04-25T00:31:00.004-03:002009-05-01T16:33:40.327-03:00O menino do pijama listrado<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjWWdNVtJsach5XhAepLQogFaXtCmf8Qi4teZvB9qoXc-CwNS-Mb4KjIecClsqmksDSH4qf-gdLlhcgH-kVlt9kfmG1gdZSWlnu59_No5S0ykiYPxWs0f5-kTOUh8xZT2_edWlHfxCkxdV/s1600-h/capa+do+livro.bmp"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjWWdNVtJsach5XhAepLQogFaXtCmf8Qi4teZvB9qoXc-CwNS-Mb4KjIecClsqmksDSH4qf-gdLlhcgH-kVlt9kfmG1gdZSWlnu59_No5S0ykiYPxWs0f5-kTOUh8xZT2_edWlHfxCkxdV/s320/capa+do+livro.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5328467330468092402" /></a><em><strong>Por Aline Ossani</strong></em><br /><br />Através do olhar de uma criança, John Boyne nos apresenta seu livro <em>O menino do pijama listrado</em>, no qual contrasta a inocência em meio ao ódio e o preconceito deixado pela história do holocausto durante a Segunda Guerra Mundial.<br /><br />O conto se passa no complexo de Auschwitz, o maior entre os 2 mil campos de concentração e trabalhos forçados construídos pelos nazistas.<br /><br />Bruno, o personagem principal, tem 8 anos e mora com seus pais e sua irmã em uma grande e confortável casa em Berlim. Seu mundo desmorona quando certo dia, ao chegar em casa, se depara com Maria, a empregada, arrumando suas coisas, até mesmo aquelas que ele escondia e não eram da conta de ninguém, pois estavam de mudança. Seu pai fora designado pelo seu chefe, o Fúria, para um trabalho em outra cidade.<br /><br />Como característica de quase todos os homens, as mudanças despertam certos sentimentos de angústia e inquietações e, com Bruno, não foi diferente. Achou a nova casa pequena e se entristeceu por não ter vizinhos nem garotos de sua idade para brincar.<br /><br />Uma visão da janela do seu quarto o intrigava. Avistava pessoas vestidas com as mesmas roupas, todos usavam pijama cinza listrado com um boné cinza na cabeça.<br /><br />Movido por seu espírito aventureiro, Bruno saía para explorar os arredores da casa. Em uma de suas explorações se deparou com uma cerca que dividia sua casa do local para onde estavam indo as pessoas de pijama listrado. E também conheceu Shmuel, um garoto da sua idade com quem, a partir daquele dia, passaria a se encontrar e passar tardes e mais tardes conversando.<br /><br />O destaque do livro é exatamente na construção dessa amizade livre de preconceitos em tempos de guerra. Os garotos não tinham conhecimento do marco da história em que viviam.<br /><br />Bruno pensava que o outro lado da cerca era mais alegre e sempre insistia a Shmuel para que o levasse para lá. E não demorou para que isso acontecesse, mas ele se decepcionou com o que encontrou: pessoas tristes, magras, com olhos fundos e as cabeças raspadas. Viu também alguns soldados, que riam e seguravam armas. O que Bruno não imaginava era que essa sua aventura não teria volta.<br /><br />Filho de um oficial nazista, o personagem principal é vítima dos meios de dizimação em massa dos quais o pai era o mandante. O ódio aos judeus dominava o pensamento nazista e estes viam a raça como a chave para o entendimento da história do mundo.<br /><br />O livro choca seus leitores por tratar de maneira singela e surpreendente um fato que marcou e marcará a história para sempre.Unknownnoreply@blogger.com0